Uma das grandes vantagens do Chile é a sua diversidade turística: pode-se ir à praia, esquiar, conhecer vinícolas, desbravar um deserto, voar para uma ilha isolada ou… escalar vulcões! Instigada pela última opção, viajei cerca de 800 km de Santiago do Chile até a fofa cidade de Pucón para conhecer o famoso vulcão Villarica, um dos mais ativos do Chile – na porta de entrada para a Patagônia Chilena. E, gente!, dei de cara com muito mais que apenas um enorme vulcão em atividade.
Fui de ônibus com a TurBus. Não comprei a passagem mais cara que dava direito à melhor poltrona por indicação da própria agente de viagens, que disse que a intermediária era muito boa. Se a outra era tão melhor que essa, não sei, mas a minha poltrona praticamente virava uma cama, com direito a cobertor, travesseiro, fone de ouvido, tapa-olhos e café da manhã com uma fruta, alfajor e suco de caixinha. A viagem durou dez horas e optei por viajar à noite para não perder um dia na estrada – passei três dias completos em Pucón. Dormi a viagem toda e cheguei ao meu destino pronta pra outra! Super indico viajar com a TurBus, com atenção a um detalhe: no Chile as passagens de ônibus funcionam como as de avião no Brasil, começam mais baratas e encarecem conforme a procura por assentos. As passagens podem ser compradas nas agências indicadas, já que pelo site só são liberadas para portadores de documento chileno. Descemos do ônibus no centro da cidade e fomos andando para o hotel. Pesquise a localização do seu para saber da necessidade de pegar taxi!
Em Pucón, me hospedei no Etnico Hostel Pucón. Li ótimas recomendações no TripAdvisor e arrisquei. Bola dentro! O clima era bem familiar e os quartos, grandes e básicos para dormir confortável e aquecida – apesar de não haver calefação no enorme banheiro em pleno inverno. Se certifiquem se todos os banheiros são assim! Dois pontos positivos: nosso quarto era suíte e tinha uma banheira sensacional no banheiro!
Fechei meu pacote de trekking no vulcão Villarica com o próprio dono do hotel, Gustavo, que fez tour pela cidade conosco no carro particular dele (nos levou até a lojas de biquínis pois uma amiga tinha esquecido o dela). De quebra, fechamos também com ele outra atração turística de Pucón: as piscinas de águas termais! Há várias, e nós optamos logo pela maior de todas, chamada Los Pozones, 36 km de Pucón. Uma dica: tenha pesos chilenos em mãos. Pucón é uma cidade bem pequena, com cerca de 30 mil habitantes, e muitos lugares não aceitavam cartão. À noite fomos no carro do Gustavo, que a essa altura já tinha virado nosso amigo, desfrutar as piscinas com águas naturais aquecidas pelas larvas do Villarica. Nos prevenimos em levar umas garrafinhas de vinho para lá, mas não tomamos nem metade. A água é tão quente que você se sente mareado ou, em outras palavras, meio “bêbado” mesmo. É um lugar indescritível. Em volta das piscinas, neve. Dentro delas, água quentinha. Mas tome cuidado, principalmente à noite. Los Pozones é enorme e não é bem iluminado(talvez para preservar a privacidade dos visitantes). Não se desligue do seu grupo, mas divirta-se sem medo de ser feliz. A entrada nos custou cerca de 15 mil pesos, mas esse valor varia conforme o horário.
No segundo dia ventava muito e adiamos nossa subida ao Villarica. Aproveitamos para passear pela cidade, que é uma fofura só, tirar mil fotos com o vulcão de fundo, conhecer a praia de areias vulcânicas, ir à feirinha, fazer compras e etc. A cidade é pequena, mas oferece de tudo. Há lojinhas de todo tipo, vários restaurantes, albergues e hotéis. Um dos maiores é o Gran Hotel Pucon. E o café-da-manhã do bistrô Trawen é delicioso – desayunamos lá quando chegamos de viagem para fazer hora para o check in no hotel.
À noite, o Gustavo havia preparado um “asado” para nós, já que éramos os únicos hóspedes no albergue. Ele convidou uns amigos, os funcionários e ficamos à beira da lareira conversando, tomando vinho e comendo churrasco. Depois enfrentamos o frio de matar e fomos conhecer o cassino Enjoy, a poucos passos dali. Não é imperdível. Ali perdemos algum dinheirinho, tomamos uns drinks e voltamos para dormir cedo, pois no sábado seria nossa última oportunidade de fazer o trekking no vulcão Villarica.
E como a oportunidade era realmente única, ignoramos os ventos fortes que insistiam em atrapalhar nosso passeio novamente, acordamos às 5h da manhã, nos montamos com todos os equipamentos (incluindo uma mochila que pesava uns 8 kg!) e rumamos para os pés do vulcão. Você não faz ideia do frio nessa época do ano! Não é aconselhável ir sem um guia que conheça a região (recentemente um brasileiro morreu fazendo o trajeto). É uma subida íngreme, que exige esforço, principalmente com a neve fofa que nós pegamos.
É preferível subir o Villarica no verão, quando as condições climáticas estão mais amenas. Porém, o inverno propicia outras atividades como ski e snowboard. Como eu sou uma apaixonada por neve, me encantei com toda aquela paisagem branca envolvendo um vulcão em atividade e contrastando com um céu estava absurdamente azul. Pena que nesse dia não deu para chegar ao cume porque ventava demais (ao ponto de nos derrubar). O teleférico, inclusive, estava desativado devido ao vento forte, ou seja, o caminho que faríamos na cadeirinha teve de ser a pé. Para uma pessoa sedentária e ainda por cima asmática, como eu, essa subida foi um super desafio, mas a prova de que é possível para todos. A frustração de não poder chegar à cratera do vulcão se misturou com a realização e orgulho por poder viver aquilo ali. Por fim, quando o corpo não aguentava mais e o guia indicou suspender a subida, me joguei naquela neve e fiquei admirando a paisagem perfeita, com a vista do lago Villarica ao fundo, rodeada por mais dois vulcões de menor porte. Não dá para negar, esse foi o passeio mais incrível que já fiz na vida.
Pucón ainda me presenteou com uma grande amiga, uma chilena mais que especial que foi minha companheira pelo resto da minha morada no Chile e que se aventurou comigo em outras viagens, minha querida hermana Andrea. Vou ser clichê e finalizar esse texto com a propaganda do governo local. “Pucón: lo tienes que vivir”. Assino embaixo!
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Saia do óbvio em Santiago do Chile
Casi un weon en Chile, cachai¿