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Qual o limite da privacidade durante uma viagem?

Qual o limite da privacidade durante uma viagem?

Voltei da minha última viagem com um pensamento: o que motiva as pessoas a postarem tudo o que viram e fizeram, cada passo dado, cada prato novo, cada pôr-do-sol, nas redes sociais? Esta é apenas uma reflexão, afinal também tenho minhas fraquezas. No meu caso, por exemplo, eu estava num lugar remoto, onde não pegava celular e o sinal de WiFi era bem fraquinho. Foi um plus para me desligar, ou ao menos tentar. É bem verdade que vez ou outra, quando o sinal da internet ressuscitava, compartilhava uma imagenzinha no Instagram. No balanço foram oito fotos para sete dias de viagem. Eu diria que um número razoável, se levar em conta que era um lugar paradisíaco que rendia imagens arrebatadoras a cada passo para o lado.

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Foto: woodleywonderworks

E por que não dividir todos os cliques com amigos queridos? A verdade é que, surpreendentemente, não me senti à vontade para compartilhar tudo – talvez por privacidade ou mesmo pelo ar de mistério? Coisa de momento, de humor, de astral. Algumas pessoas, como blogueiros, agentes de viagem ou famosos, têm nas redes sociais poderosas ferramentas de trabalho para divulgar destinos e dicas. E me confesso seguidora de muitos deles. Instagram, Twitter, Facebook, vale tudo. Há exageros? Sim, há. Cabe apenas a mim decidir quem aparece na minha timeline. Muitas vezes não me interessa o café-da-manhã de iogurte, cereal, pão e mamão do colega. Mas para outra pessoa pode chamar a atenção a decoração da mesa, o sabor do iogurte, a roupa esquisita da moça na mesa vizinha. E essa superexposição da vida pessoal e análise minuciosa do perfil alheio é que às vezes me assusta e me freia.

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Foto: Ed Yourdon

Sabe aquele fulano que viajou para fora e, ao chegar à tão almejada WiFi do hotel, posta dez fotos do mesmo lugar em menos de três minutos? Ele certamente agradará menos que o que parou e fez uma seleção legal dos melhores momentos. Coisas da vida! Adoro tecnologia, não me vejo sem ela atualmente, mas prefiro usá-la com parcimônia. Já passo uns 300 dias por ano na frente do computador e da caixa de e-mails do iphone. Quando viajo, quero sentir o lugar, conversar com as pessoas, estar atenta para não me perder (e me perder mesmo assim), fotografar o que chama minha atenção. E, depois, algumas destas fotos até podem ir para algum álbum. Mas depois… naquele momento em que estou no hotel descansando as pernas para o dia seguinte.

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Foto: Janitors

Estou sendo muito “caxias”? Uma velha, uma chata? Sei lá. Claro que estou sempre conectada, até pelo meu trabalho, mas a impressão que tenho é que as pessoas ultimamente andam muito egocêntricas e dispersas. Como diria meu pai, “com a inclusão digital veio a exclusão social”. Que não nos deixemos perder em meio a gadgets, likes e follows. Do lado de fora da tela o pôr-do-sol tem muito mais cores e o barulho do mar ainda pode ser ouvido.

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Foto:AJU_photography

Atualizando: Esta moda de “tirar onda nas redes sociais”, “ostentar um status”, “postar uma foto com o intuito de provocar inveja nos outros”, já recebeu nome e promete detonar a ondinha do famigerado selfie: chama-se braggie! Um estudo do Reino Unido destaca os meios mais populares: pose na praia (43%) e bebendo um drink (12%). A pesquisa concluiu que 5,4 milhões de pessoas no Reino Unido postaram um braggie logo após chegarem ao seu destino de viagem de férias.

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#viajando: quase 80 mil compartilhamentos com a hashtag

 

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