Já andei contando por aqui, em outro post, sobre minhas aventuras num passeio até a Praia de Castelhanos, em Ilhabela, litoral de São Paulo. Essa é uma das principais praias mais isoladas da ilha, e para chegar lá é melhor ir de carro 4×4 com pneu lameiro ou de barco – as outras opções são uma trilha de 17km (só de ida) que pode ser feita a pé ou de bike. Eu fui de jeep a Castelhanos nesse último inverno e peguei um trecho de areia deserto – de turistas, né, pois ali mora uma comunidade caiçara com 70 famílias em casinhas simples e sem luz elétrica.
Porém, se você leu até aqui e pensa que vai chegar lá e não encontrar estrutura alguma, está bem enganado. Lá tem restaurantes de frente pra praia, espaço para camping e até uma pousada bem simplesinha. E muita, mas muita, mas muita natureza. E uma praia maravilhosa. E trilhas. E cachoeiras. E caipirinha de folha de mexeri… Opa, peraí.
Vamos começar do começo. Eu fui com a empresa Maremar Turismo, que me buscou no meu hotel às 10h para ir de jeep até Castelhanos. Meu guia foi o Luís, gente boníssima, muito atencioso, simpático, prestativo, engraçado. Conosco foram também 4 russos: um casal, a irmã de um deles e o melhor amigo.
São 2km de chão de terra com vários buracos, pedras e mata fechada. Não vá em carro comum, somente é indicado ir em 4×4. Uma curiosidade desse percurso: como é uma estradinha estreita, das 8h às 14h só podem passar carros com sentido para Castelhanos e das 15h às 18h somente no sentido inverso, voltando para o centrinho da ilha. Além disso, há um limite de carros por dia para passar por ali (65 jeeps cadastrados, 42 carros particulares e 60 motos). Então, se for por conta própria e for alta temporada, vá cedo.
Essa estradinha corta Ilhabela no sentido oeste à leste e desbrava a exuberante Mata Atlântica. A areia da praia de Castelhanos tem aproximadamente 1.500 metros de extensão, onde é possível a prática do surf ou um passeio de canoa – quando eu fui, o mar estava batendo muitoooo e estava um pouco frio. Também dá para mergulhar lá, pois é uma região com um mundo marinho bem rico.
Na ida, durante os 22km de estrada de chão, o Luís parou algumas vezes para tirarmos fotos em mirantes e respondia a todas as nossas dúvidas. Vamos à que mais me impressionou: há 34 mil cobras na ilha! Gente, t-r-i-n-t-a e q-u-a-t-r-o m-i-l. Pronto, pirei. Mas o Luís me garantiu que é muito raro elas chegarem perto de qualquer pessoa por lá, que elas têm muito mais medo da gente do que o contrário, que a ilha na verdade é gigantesca, que elas ficam escondidas em mata mais fechada, que ele mesmo mal viu as venenosas por lá em tantos anos de trabalho, que era pra geral se acalmar. Putz. Acreditei, abstraí e vambora.
Chegando a Castelhanos (depois de quase duas horas de estrada), a primeira parada não foi na praia, mas sim na Cachoeira do Gato! Yeahhh, tem uma cachoeira linda lá em Castelhanos e bem pertinho da areia da praia – dá uns 2km de trilha com gostinho de 1km, bem tranquila. Chegando lá, aquela queda d´água de 80 metros de altura era irresistível até no frio! Nem pensei duas vezes pra não ter tempo de desistir – pulei. E o bom de estar com o Luís nessa parte aqui é que ele vai dando o caminho das pedras – literalmente. Ele conhecia tudo ali e mostrava onde era bom de mergulhar, onde a queda era mais forte e parecia jato de banheira de hidromassagem nas costas, onde era escorregadio e perigoso. Foi show! Lavei a alma por inteiro, na saída mal senti frio – mas leve toalha, hein!
Terminado o banho e a trilha de volta até nosso jeep, o Luís nos levou até os restaurantes de frente pro mar (há três opções de quiosque ali – eu escolhi o do Alemão). Um lugar bem rústico, mas com uma comida simples, fresquinha e deliciosa (como eles mesmos me disseram, lá não tem luz elétrica, então não tem geladeira nem freezer: tudo é feito no dia e o peixe pescado naquela manhã). Agora, sim, dou a dica: experimente a caipirinha de folha de mexerica, típica da região. É uma delíciaaaaa! Minha refeição foi isca de peixe com salada, arroz, feijão, farofa. Muitoooo bem servido! Minha conta com o prato + uma caipirinha deu R$50. Top demais pra um lugar isolado como aquele! Eu almocei junto aos russos e era engraçado vê-los descobrindo o sabor das comidas brasileiras, misturando a farofa com tudo e repetindo “Delicious, delicious!”. Só que a impressão que eu fiquei foi que, pra eles, delicious mesmo era o mar. Eles nem terminaram o prato direito e saíram correndo pra se jogar. Brincaram feito criança. Numa água gelaaaaaada e num mar batiiiiido que só. Essa eu passei e aproveitei o intervalo pra ir fotografar a praia e parte da comunidade caiçara.
No fim do dia foi hora de voltar – lá pra umas 16h. E ainda rolou cachaça no jeep por conta dos russos, que afirmaram que essa é uma tradição na Rússia: não se vai embora sem a saideira! E quem sou eu pra negar! Voltamos cantando e rindo muito nos outros 22km de chão de terra. Cada buraco no chão era um gole de cachaça que pulava do copo. E assim fomos. Na volta o Luís nos deixaria na porta do hotel. Serviço 100%! Quem vai a Ilhabela TEM QUE ir a Castelhanos. Odeio esses posts mandões de TEM QUE isso, TEM QUE aquilo. Mas e daí! Hoje resolvi adotar pra mim: Quem vai a Ilhabela TEM QUE ir a Castelhanos. E tenho dito! Ah, só pra constar: fiquei lá três dias me embrenhando em tudo que era mata e não vi nem sinal de cobra! 😀
Quanto custa ir a Castelhanos: com a Maremar Turismo esse passeio de um dia inteiro custa R$80 por pessoa, buscando e deixando na porta do hotel. As refeições não estão incluídas no valor.
O que levar para o passeio de um dia em Castelhanos: biquíni/sunga/maiô, tênis (para a trilha até a Cachoeira), chinelo (pra ficar na praia), toalha (se estiver frio no dia), água (principalmente se estiver calor), repelente (Ilhabela é super conhecida por seus borrachudos, que picam mesmo sem piedade e deixam a pele toda inchada, se entupa de repelente!) e dinheiro em espécie (os restaurantes de lá não aceitam cartão de débito/crédito).
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Atenção, leitor: fui a Castelhanos com a Maremar Turismo como um convite para conhecer seus serviços e poder indicá-los no blog. Sou sempre transparente em minhas parcerias e relatos de minha experiência. Obrigada pela confiança!