Fui Gostei Contei

Roteiro de 18 dias na Bolívia: incluindo Uyuni, La Paz, Isla del Sol, Oruro, Coroico e o famoso Trem da Morte

Mês passado eu viajei por 18 dias pela Bolívia com um amigo. E esse país me encantou por diversos motivos. Em meio a todo o seu caos, há lugares de natureza incrível e conheci muita gente receptiva lá. Além de ser muuuuito barato (mesmo!). No entanto, é um país pobre (a taxa de pobreza atinge cerca de 60% da população), se vê muita sujeira e eu não tive coragem de encarar a comida de rua de lá – coisa que adoro fazer, mas lá simplesmente não dava, meu estômago até embrulhava só de olhar.

Apesar da visível pobreza, a Bolívia é muito rica em outro aspecto: sua cultura. Eles ainda fazem questão de manter alguns costumes e é a coisa mais comum esbarrar com as cholas, ou cholitas, pelas ruas. Cholitas são bolivianas que ainda usam roupas tradicionais e coloridas, com longas tranças em seus cabelos negros e sempre com um awayo nas costas (um pano colorido amarrado em seus ombros onde sempre estão carregando alguma coisa). São um símbolo de resistência cultural da Bolívia. E não se vestem assim para chamar atenção de gringo e cobrar por fotos não! Esse é o dia-a-dia delas, e a maioria não suporta que você aponte uma câmera para elas. Elas são fortes e cheias de personalidade. Muitas vezes, nas estradas, as vi fazendo o trabalho duro do campo. Ou pelas ruas sempre estão carregando bolsas imensas em suas costas. Para mim, são o retrato da verdadeira Bolívia.

Veja algumas cholitas nas fotos abaixo:

Mais um símbolo de resistência cultural que percebi é que em muitos lugares os moradores ainda usam seus próprios dialetos, e alguns nem mesmo sabem falar espanhol, ou o falam com um sotaque bastante carregado. Foi o caso de Isla del Sol, onde passei dois dias e não entendia nada quando eles começavam a falar entre si. Os idiomas mais comuns são, além do espanhol, aimará e quíchua.  Além destes, outras 34 línguas indígenas são oficiais (é o segundo estado com o maior número de idiomas oficiais no mundo, só perdendo para a Índia, que tem 46).

Na Bolívia existem duas capitais: La Paz (capital administrativa e sede do governo) e Sucre (capital constitucional). O nome oficial do país é Estado Plurinacional da Bolívia, e seu presidente desde 2006 é Evo Morales. Em qualquer lugar que se vá, é possível ver placas ou pichações sobre Evo. A maioria é de apoio a seu governo. Mas fica a dúvida: foram pichações feitas pelo povo, ou pelo próprio governo, como forma de propaganda ou exaltação a Evo?

O clima na Bolívia varia muito de uma região para a outra. Próximo a La Paz, por exemplo, é mais seco e frio. Mas conforme se aproxima da fronteira com o Brasil, e do Pantanal, se torna bem mais úmido e quente.

Após esta breve explanação sobre a Bolívia, vamos ao meu roteiro de 18 dias (ao final desse post você encontrará uma tabela com os principais preços de tudo o que eu fiz):

Dia 1: San Pedro de Atacama x Uyuni

Contratei um tour de 4 dias para o Salar do Uyuni em San Pedro de Atacama com a Colque Tours, uma das agências mais antigas de lá. O tour incluía um 4×4 para até 6 pessoas, motorista/guia, 3 refeições por dia, acomodação e os tours.

Passaram para me buscar às 7h da manhã em minha casa e seguimos para o hotel Quechua, ainda em San Pedro, para tomar café da manhã (um café super completinho e bem servido). Dali fomos para a fronteira entre Chile e Bolívia. O processo foi simples e rápido – atenção: guarde com muito cuidado o papelzinho que te derem ali, pois você precisará apresentá-lo na saída do país. Chegando no lado da Bolívia, trocamos de carro (os carros do Chile não podem trabalhar na Bolívia) e então seguimos para Uyuni, onde passaríamos a noite. Nesse dia nosso guia era excelente, e fez várias paradas para fotos nas lagunas Blanca, Verde e Colorada, e nos contou várias histórias. Também houve uma parada para almoço, num lugar pequeno e simples, mas bem organizadinho e com comida simples e gostosa (apenas o banheiro, que ficava numa casa ao lado, era um horror, como muitos que vi na Bolívia).

Dica importante: não deixe de levar papel higiênico em seu tour pelo Uyuni ou pra qualquer viagem na Bolívia! DE JEITO NENHUM.

Nessa noite dormimos no Hotel Kutimuy, no centro de Uyuni. Era bem simples, mas achei bem localizado e super direitinho. Fiquei numa suíte sozinha. Ah, e um milagre: tinha Wi-Fi!

Também jantamos numa pizzaria próxima ao hotel, tudo incluído no preço do tour, com direito a uma cervejinha.

Dia 2: Salar de Uyuni

Nesse dia acordamos, tomamos café da manhã no hotel e por volta de 11h nosso motorista chegou (atrasado) para nos buscar. Não era o mesmo motorista de antes, que eu tinha achado um ótimo guia. Esse era mais quieto e não dava muita informação de nada do que víamos (expliquei sobre isso nesse post aqui).

Programação do dia: visitar o cemitério de trens, o Salar de Uyuni (e a ilha incahuasi, onde tem os cactos gigantes) e dormir no hotel de sal.

cemitério de trens

Nem preciso dizer que esse foi o melhor dia do tour, né. O salar realmente é de deixar qualquer um sem palavras. É um branco infinito que você realmente não consegue ver onde termina. Infelizmente não peguei o salar com água (apesar de ser época de chuvas), quando ele vira um imenso espelho d´água. Mas ainda assim foi inesquecível. E mais ainda: visitar a ilha incahuasi, uma ilha de pedra com cactos gigantes em meio àquela imensidão branca, uau! Parecia cena de filme. Eu poderia passar dias ali e não iria tirar todas as fotos que eu queria.

Obs.: Como vocês podem ver, em algumas fotos o céu está bem escuro e nublado. Por muito pouco não pegamos chuva no Salar de Uyuni!

Almoçamos em um restaurante todo feito de sal, e a comida estava bem gostosinha. Gostei que sempre há umas opções de saladas cozidas (não teria coragem de comer salada crua por lá), então dá para comer de forma saudável. Ouvi gente dizer que todos os dias os almoços e jantares deles eram macarrão com atum. Com a gente não, sempre tinha salada, uma carne, uma opção vegetariana para mim, macarrão, sopa de entrada, algo para beber. Curti mesmo.

À noite fomos para o hotel de sal. Fiquei num quarto apenas com o casal de amigos que estava viajando comigo, e foi ótimo. É muito legal ficar num lugar onde todas as paredes são, mesmo!, de sal. O banho quente aqui custava 10 bolivianos.

nosso quartinho no alojamento de sal!

Dica importante: se você estiver viajando no inverno ou em épocas mais frias, indico levar um saco de dormir para se aquecer à noite. Como eu fui no verão, não precisou, ainda que fizesse um friozinho à noite.

Dia 3: árvore de pedra e estrada

Esse normalmente é o dia mais sem graça desse tour do Uyuni. Há muita estrada e nem tantos lugares para se visitar (o mais interessante é a árvore de pedra, uma pedra fininha na parte de baixo que realmente lembra uma árvore). Nesse dia aqui estava bastante frio! Tanto que em muitos lugares eu nem queria sair do carro para tirar fotos, tamanho era o vento gelado. Depois de um dia usando shortinho, chegamos a pegar neve! E foi lindo <3

Nesse dia nosso almoço não foi num restaurante, nosso motorista/guia levou tudo e preparou no porta-malas do carro mesmo para a gente. E mais uma vez a variedade surpreendeu: saladas, abacate (viciei!), atum, massa, batatas.

À noite chegamos ao alojamento do dia, que eu já sabia que seria o mais simples da viagem. A roupa de cama não era das mais agradáveis, mas até que eu esperava por um lugar pior. Achei bem tranquilo, apesar do vento frio que fez à noite. Como era tudo fechado, do lado de dentro não estava tão frio, então dormi tranquila apenas com a coberta que eles me deram.

Nesse lugar eles serviram um chá da tarde quando chegamos, e à noite um jantar. Mais uma vez, bem servido e variado. Para tomar banho quente, 15 bolivianos por pessoa.

Dica importante: sempre se agilize pra tomar seu banho logo nesses lugares onde eles cobram pela água quente. Aconteceu de em um dos dias a água quente acabar e minha amiga ficar sem banho (teve que esperar até o dia seguinte).

Dia 4: lagoas, gêiser e piscina termal

Aqui nós visitamos mais uma vez as mesmas lagoas que tínhamos visto no primeiro dia, a caminho do Uyuni. E ainda bem que no primeiro dia paramos e tiramos muitas fotos, porque no quarto dia do nosso tour estava chovendo e fazendo muito frio, então as paisagens não estavam tão bonitas assim.

De manhã bem cedinho começamos visitando os Gêiseres Sol de la Mañana. São bem diferentes dos gêiseres do Atacama, pois são mais de barro, e não tanto de vapor. E dali seguimos para as piscinas de águas termais, onde é possível se banhar em águas quentinhas. Estava um friiiiiiio, e no nosso grupo, apenas meu amigo teve coragem de entrar na água.

Dica importante: leve uma toalha e roupas secas para se trocar depois de tirar o biquíni/maiô/sunga. Lá há lugares para trocar de roupa e banheiro.

O passo seguinte foi passar pelas lagoas do primeiro dia: Blanca, Verde e Colorada. Dessa vez a visita foi mais rápida, pois com o tempo feio, gastamos menos tempo tirando fotos.

Dali fomos para a fronteira com o Chile, onde meu casal de amigos ficou pois eles iriam atravessar de volta para San Pedro, onde pegariam um voo para Santiago. Aqui tivemos um pequeno problema: como o tour dessa manhã acabou sendo mais rápido, por causa do tempo feio, chegamos muito cedo à fronteira e não havia ninguém lá para buscar meus amigos e os levarem a San Pedro (carros bolivianos também não podem trabalhar no território do Chile, então eles precisavam esperar por  um carro chileno que os buscasse). E o motorista disse que eles iam ter que esperar ali, por sabe-se lá quanto tempo, por um carro, que nós não sabíamos qual, ir até lá buscá-los.

Batemos o pé e fizemos um mini escândalo, dizendo que eles não ficariam ali assim sem saber nem por quanto tempo. Sério, é absurso! Aí o motorista deu um jeito de colocá-los numa van que estava indo para San Pedro. Explicou que eles teriam que pagar a van, mas que a agência em San Pedro lhes iria ressarcir o valor (que não era alto, acho que era em torno de 5.000 pesos, mas não tenho certeza). E assim eles fizeram, pegaram a van e em San Pedro foram à agência e tiveram o dinheiro ressarcido.

Dica importante: se isso acontecer com você, peça algum comprovante de que vocês pagaram essa van, para ter como mostrar à agência que vocês realmente tiveram esse custo extra. Não posso garantir que qualquer agência irá ressarcir seu dinheiro, mas a Colque Tours ressarciu meus amigos na mesma hora.

Depois de deixar meus amigos na fronteira, foi hora de eu retornar para Uyuni. Voltei com o mesmo motorista, e no caminho paramos para almoçar no mesmo restaurante do primeiro dia.

Chegando a Uyuni, meu objetivo era ir direto para La Paz num ônibus noturno. E foi o que eu fiz, pedi ao motorista que me deixasse próximo aos guichês de companhias de ônibus e ele me indicou qual teria um preço legal com bom serviço. Fui direto nela e teria um ônibus saindo em três horas (mas várias agências fazem esse percurso pelos mais variados preços). Perfeito!

Comprei com a Panasur e a passagem custou 100 bolivianos (ou cerca de 14 dólares). Assento cama num busão com Wi-Fi e foi super de boa chegar e comprar lá na hora (compre pelo menos umas duas horinhas antes porque o bus sai cheio, o meu saiu às 20h). Deixei meu mochilão com eles no guichê enquanto saí pra comer alguma coisa (em uns 10 minutinhos andando, você chega na praça principal onde tem vários restaurantes melhorzinhos).

Dia 5: La Paz

Cheguei a La Paz por volta de 6h da manhã. A viagem de ônibus foi bem tranquila e o assento muito confortável. Eu tinha reserva num hotel no bairro de Calacoto, mas como o check in era somente às 13h, encontrei um amigo cedinho no hostel dele (o Loki Hostel, muito bem localizado e cheeeeio de festas). Tomamos café da manhã lá e depois fomos dar uma voltinha no Mercado das Bruxas pra fazer hora (o táxi da rodoviária até o hostel custou 15 bolivianos, ou uns 2 dólares).

A região do Mercado das Bruxas é excelente para comprar souvenirs, mas também pra mergulhar mais na cultura boliviana. Entre nas lojinhas que você verá várias lhamas empalhadas na porta (um show de horrores!). Porque, sim, são bichinhos de verdade (muitas vezes são apenas fetos) empalhados, que são usados lá para oferendas. Eu me sentia mal só em olhar, é uma lugar com uma energia bem forte. Repare também nas mil poções que eles vendem para tudo: saúde, melhorar finanças, encontrar seu amor, ficar rico, estimulante sexual, e por aí vai.

À tarde peguei um táxi para Calacoto (custou 20 bolivianos, ou cerca de 3 dólares) para meu hotel: o maravilhoso Atix Hotel. Ainda vou escrever sobre ele aqui, mas é um hotel de luxo localizado num bairro mais rico de La Paz e com uma piscina com um visual incrível! Recomendo muito se hospedar nesse bairro para conhecer uma outra faceta da capital boliviana, com mansões, sem trânsito, sem carros caindo aos pedaços, sem confusão. Tive outra impressão da cidade aqui e pude ver como a desigualdade social nesse país é gritante.

Dica importante: na Bolívia não existe taxímetro, então SEMPRE negocie com o taxista o valor da corrida antes de entrar no carro. Se você não tem ideia de quanto custaria determinada corrida, pergunte na recepção do seu hotel ou mesmo a pessoas na rua (foram muito solícitos conosco nesse sentido e teve gente que até nos parou para avisar que não era necessário pegar o táxi para fazer um certo trajeto ao nos ouvir conversando com o taxista)

Esse dia tirei para descansar e apenas curtir o hotel. À noite saí caminhando ali no entorno e parei num restaurante para jantar. Era um lugar mais requintado, mas o preço ainda era bem ok (era um dos poucos abertos, já que era uma segunda-feira à noite). Tomei um drink e comi uma pizza, saiu por 60 bolivianos (uns 9 dólares).

Dia 6: La Paz

Como eu reservei duas noites neste hotel, ainda tinha mais dois dias ali. E tirei este dia para descansar, pois não estava me sentindo bem – acho que por causa da altitude. La Paz está a 3.660m de altitude, e algumas pessoas podem sentir mal estar nos primeiros dias lá. Uma solução é tomar chá de coca ou mascar folha de coca para se sentir melhor.

Como os quartos lá são muito confortáveis, aproveitei para dormir, descansar, trabalhar um pouco no blog. À noite só saí para fazer um lanche rápido ali perto e voltei. As mansões no entorno são incríveis!

Dia 7: La Paz

Dia de fazer check out no hotel, mas não sem antes desfrutar de sua piscina que fica na cobertura e tem uma vista incrível do bairro de Calacoto. Dali, fui conhecer o parque Cota Cota, que fica a apenas 2km do hotel. É um parque bonito, com bastante verde, ótimo para quem está com crianças. Paga-se uma entrada de 2 bolivianos (cerca de 0,30 centavos de dólar), e há pedalinhos.

Na volta, passei no hotel para pegar minha mochila e fui tomar o teleférico para ir ao centro de La Paz. Andar de teleférico aqui é algo imperdível! É um passeio super baratinho e que te dá um visual incrível da cidade, te permitindo ver de cima a tal desigualdade social que comentei. A passagem para andar no teleférico custa apenas 3 bolivianos (0,45 centavos de dólar) para cada linha (tem 11 linhas: amarela, vermelha, verde e por aí vai. Eu peguei a amarela e a verde nesse dia). E o teleférico é muito moderno e seguro. Adorei!

Nesta noite nos hospedamos no Wild Rover Hostel. Escolhemos este pois já tínhamos reserva nele para daí a dois dias, e como no dia seguinte íamos para Copacabana, poderíamos deixar nossas mochilas grandes no locker do hostel e levar apenas mochilas pequenininhas conosco. Nessa noite fiquei num quarto compartilhado para 20 pessoas, mas bem espaçoso. A festa rolou até mais de 1h da manhã no bar, mas eu nem fui porque iria acordar cedinho no dia seguinte.

Dia 8: La Paz x Copacabana/Isla del Sol

Acordamos cedinho (umas 6h da manhã) e fomos pegar um ônibus para Copacabana próximo ao cemitério, ali na linha vermelha do teleférico (é onde tem os ônibus mais baratos para lá, e há várias saídas assim cedinho pela manhã, em vans e ônibus). Chegamos lá, negociamos o preço e conseguimos um ônibus que sairia em 20 minutos e custou 20 bolivianos (uns 3 dólares) por pessoa, numa viagem que durou quatro horas. Atenção: no meio da viagem será preciso descer do busão e atravessar uma parte do lago Titicaca de barco (custa 2 bolivianos por pessoa e paga lá na hora). O bus também atravessa de balsa e depois você entra nele de novo e segue viagem 😂

Chegando a Copacabana, ha vários hostels baratinhos, agências oferecendo tour de meio dia pra Isla del Sol e restaurantes (almocei num que era péééssimo, na pracinha e que tem comida japonesa, tailandesa e indiana… Fuja!).  Como estava com uma mochila pequena, decidi arriscar e ir pra Isla del Sol (que era meu objetivo final) para ver como seria pra dormir por lá. Muita gente dorme em Copacabana e faz somente bate-volta a Isla del Sol. Outras atravessam e dormem lá.

Em Copacabana peguei um barco que custou mais 20 bolivianos por pessoa e levou duas horas pra chegar à Isla del Sol (ou seja, se você fizer bate-volta, são quatro horas de viagem, acho muito cansativo). 

Na ilha tem as partes Norte (mais plana e com cara de praia, onde também há hospedagem mais em conta) e Sul (com mais montanhas). Optamos pelo lado Norte. Chegando lá, os moradores cobram mais 15 bolivianos por pessoa pra turistar pela ilha, e dão até comprovante de pagamento! Todo mundo tem que pagar.

Quando você sai dos barcos, já vem um monte de gente oferecer hospedagem. Não vale a pena reservar antes de vir (eu tinha dado uma olhadinha em sites de reservas e saíam beeeeem mais caro), a não ser que você faça questão de algo mais luxuoso (que não sei se encontrará com facilidade ali). Havia muitas opções a partir de 25 bolivianos por pessoa (quase 4 dólares) em quarto privativo com banheiro compartilhado. Optamos por um que custou 40 bolivianos chamada Hostal Chakana (quase 6 dólares) por pessoa em quarto privativo com banho privado (sem papel higiênico kkkkkkk), mas com vista pro lago Titicaca. Um quarto bem simplesinho, mas que atendia bem o que eu precisava.

Como cheguei lá tarde para iniciar qualquer trilha (há vááárias na ilha), comprei um baralho no mercadinho pra passar o tempo e à noite saí para jantar num dos restaurantezinhos ali ao lado da minha pousada. Por 25 bolivianos (quase 4 dólares) pedi um prato de trucha (peixe local muito comum ali) com batatas e salada e uma sopa de quinoa com legumes de entrada. Estava bem gostoso e é um prato padrão da ilha (e preço padrão também).

Fofinho esse restaurante na Isla del Sol, né!

Dia 9: Isla del Sol

Nesse dia acordei com uma surpresa: uma dor de barriga que não me deixava sair do quarto. E meu amigo também! Logo concluí que era culpa daquele restaurante xexelento onde comemos em Copacabana. Resultado: passamos o dia no quarto sem poder sair pra nada (ainda bem que tínhamos levado papel higiênico, kkk).

Vou repetir a dica: sempre tenha papel higiênico na bolsa na Bolívia!!!

Bom, estava um dia de sol, a ilha é o lugar mais lindo que vi na Bolívia, tem uma paz, uma calmaria que eu me encantei. A parte norte lembra mesmo uma praia, com o lago imenso Titicaca (o lago navegável mais alto do mundo, e também gigantesco) e até uma areia em sua beira. Eu ia amar fazer vááárias trilhas ali. Mas resultado: fiquei um dia inteiro trancada no quarto, só vendo o Titicaca da minha varandinha… Fuén, fuén, fuén.

Mas saiba que isso é muito comum com a maioria das pessoas que visitam a Bolívia. A higiene não é o forte por lá, por isso deve-se tomar muito cuidado com comidas de rua ou mesmo com os restaurantes que se vai. Aconteceu comigo justo no lugar que mais amei na ilha. Mas fazer o que… Histórias de viagens.

Dia 10: Isla del Sol x La Paz

Nesse dia acordei beeem cedinho e, como estava me sentindo melhor, fiz uma trilha mais leve que há na ilha e te leva para ver alguma ruínas incas. Foram uns 50 minutos de ida e uma meia hora voltando (a ida é somente subida, e qualquer elevação numa altitude dessas é um sacrifício). Vale a pena pelo visual que se tem do lago e da própria ilha, e também pelos locais de parada. Mas eu senti muita falta de ter um guia comigo, pois não há nada escrito pelo caminho e você fica sem saber a história do lugar. Eu indicaria que você pergunte nos mercadinhos sobre algum guia local, tenho certeza que será baratinho.

Na volta tomamos café da manhã num restaurantezinho dali e depois pegamos um barco de volta para Copacabana, que custou 30 bolivianos. Indico comprar antes no guichê que há ali, pois os barcos lotam.

Chegando a Copacabana, almoçamos por lá num dos restaurantes próximos ao porto (dessa vez num que era mais decente) e depois pegamos um ônibus retornando para La Paz, que custou mais 20 bolivianos.

A partir desse dia, me hospedei por cinco noites num quarto privativo no Wild Rover Hostels. Recomendadíssimo! Tem um pub muito maneiro e super animado, o quarto era espaçoso, banheiro limpinho. Excelente escolha em La Paz.

À noite fomos jantar numa rua que eu havia visto uns restaurantes legais ali no centro. Anote com carinho esse nome: calle Tarija. Ali há os restaurantes que mais gostei na cidade! Nesse dia jantei no Little Italy, restaurante italiano. Comi uma massa bem gostosa que custou 30 bolivianos (pouco mais de 4 dólares) e ainda dava direito a se servir à vontade no buffet de saladas deles. Preço excelente!

Dia 11: La Paz x Oruro

Era pleno carnaval e eu não queria perder a oportunidade de conhecer o famoso carnaval tradicional de Oruro, a três horas de La Paz. Então nesse dia acordei mais uma vez super cedinho para um bate-volta. Fui e voltei de ônibus e foi uma ótima escolha! Contei tudinho nesse post aqui.

Quando voltei, claro, estava cansada, então nem fui pro bar do hotel. Apenas dormi!

Dia 12: La Paz

Depois de tanto batidão pra lá e pra cá, acordando cedo pra pegar ônibus, depois pegando barco, e voltando. Ufa! Eu só queria um dia à toa. E foi o que fiz.

Estava chovendo, e como não ia rolar de ficar batendo perna na rua assim, fiz um programa que adoro fazer em viagens: fui ao cinema! Por que eu adoro ir ao cinema em viagens? Porque quando você está há muito tempo na estrada, começa a sentir falta dessa rotina de ir a um cinema, a um salão de beleza, coisas que a gente faz em nossa vida normal. Eu aproveitei a desculpa da chuva e fui assistir um filme que estava louca pra ver: La La Land! Com áudio em inglês e legenda em espanhol.

Como o cinema ficava dentro do shopping, aproveitamos pra comer por lá, e assim fugir da chuva.

À noite fui ao bar do meu hostel. Comecei jogando sinuca (e inacreditavelmente ganhando todas as partidas! hahahaha), depois emendei num quiz que tinha com perguntas malucas de vários países do mundo (e meu time, você não vai acreditar!, ganhou também!) e terminei dançando em cima do balcão e dando show! Hahaha Sério, a festa lá é bem animada e eu curti demais.

Dia 13: La Paz

Acordei tarde. Claaaaro.

A chuva melhorou e nós resolvemos ir pra rua comprar uns souvenirs e dar uma última volta pelo centro de La Paz. O entorno do mercado das Bruxas é excelente pra comprar lembrancinhas, ali pela Calle Linhares e a Avenida Illampu. Também conheci a Igreja San Francisco, lindíssima.

Aproveitei o rolé para conhecer várias agências e escolher uma para fazer a Estrada da Morte em bicicleta no dia seguinte. Depois de pesquisar preços e serviços, escolhi a Xtreme Downhill. Meu amigo que estava comigo já havia descido a estrada antes (só que com uma empresa que ele não curtiu chamada Solarium) e tinha visto uma galera da Downhill com uns equipamentos legais. Achamos que eles tinham o melhor custo-benefício de todos e fechamos com eles.

Depois fomos “almojantar” na minha rua preferida em La Paz: sim, na calle Tarija! O escolhido da vez foi um mexicano que há ali chamado La Cueva. Comi um burrito super gostoso, que custou uns 30 bolivianos (pouco mais de 4 dólares). O lugar é pequenininho e um charme.

Depois ainda passamos no mercadão de La Paz para tomar um dos famosos e gigantes sucos de lá. Experimente o de banana com laranja!

Dica importante: a única coisa que senti falta de ter conhecido em La Paz foi Tiwanaku, que na verdade fica perto de lá, e não exatamente na cidade. Por causa da chuva, acabei não indo, mas sugiro que você inclua em seu roteiro.

Dia 14: La Paz x Coroico

Logo de manhã o pessoal da Xtreme Downhill passou pra nos buscar. O passeio incluía uma bicicleta bem boa, o transporte, dois guias, café da manhã, lanche e almoço (num lugar onde havia piscina). Os caras eram gente boa e me senti bem segura com os equipamentos que eles forneceram. As refeições também eram bem boas e fartas.

A estrada da morte é uma parada que todo mundo tem que fazer! Cara, são 64km de descida começando a 4.700m e chegando a uns 2.000m. É sensacional! Você vai por estrada de terra com pedrinhas à beira de um precipício. É alucinante! E justamente pelo risco que esse passeio representa, é importante estar com uma boa agência que te dê um bom equipamento. Esse tour merece um post exclusivo aqui no blog!

Olha a gente ali sentadinho na beira do precipício! #CalmaMãe É só ilusão de ótica rsrs

Ao final do dia, ao invés de retornarmos para La Paz, como o resto do nosso grupo fez, decidimos seguir para Coroico, cidadezinha próxima ao lugar onde termina o passeio de bike. Pegamos uma van e em uma hora estávamos lá. Eu queria muito ficar no hostel Villa Bonita, que eu havia encontrado pelo site do Hostelworld.com. Parecia um lugar bem calmo e em meio à natureza, cuja cozinha é vegetariana. Minha cara!

Era um pouquinho afastado do centrinho, mas mesmo assim decidimos ficar lá. E valeu muito a pena! Estava um clima chuvoso e fiquei ali só curtindo o hostel e sua vista pras montanhas e pro verde.

Dia 15: Coroico

Optei por ficar duas noites no Villa Bonita. O café da manhã era super gostoso, assim como tudo que eles servem no cardápio. Os sorvetes de lá são bem famosos, mas eu gostei mesmo foi do frappé #ficadica

É um lugar para descansar e curtir. Só saí de lá para ir ao centro rapidinho pela manhã comprar uns biscoitos e ir na rodoviária ver horários de bus pra La Paz. De resto, aproveitei pra curtir o lugar, pois os próximos dias seriam de batidão intenso na estrada a caminho do Brasil.

Dia 16: Coroico x La Paz x Santa Cruz de La Sierra

De manhã tomei café com calma no hostel e depois fui para a rodoviária. Chegando lá foi bem tranquilo comprar a van para La Paz, que custou uns 20 bolivianos por pessoa numa viagem que durou cerca de quatro horas. Chegando a La Paz, fui direto para a rodoviária (a van nos deixava em um lugar que não faço ideia de onde era) comprar passagens para Santa Cruz de La Sierra. Conseguimos um ônibus com assento cama saindo às 20h, então deixamos nossas mochilas grandes num locker e fomos dar a última voltinha pelo centro de La Paz.

Claro que aproveitei para me despedir também da Calle Tarija. Tinha um restaurante vegetariano chamado Tierra Sana ali que eu estava doida para conhecer, e foi o destino mais acertado do dia! O lugar era super fofo e a comida era sensaaaaaacional! Até meu amigo que não é vegetariano super elogiou. Pedimos uma tábua vegetariana para dois, que era muito bem servida, com uma jarra de suco e ao final a conta deu 50 bolivianos para cada (pouco mais de 7 dólares).

Voltamos para a rodoviária para encarar uma longa viagem: dezessete horas até Santa Cruz de La Sierra, onde pegaríamos o famoso trem da morte.

Dia 17: Santa Cruz de La Sierra x Quijarro

Chegamos a Santa Cruz de La Sierra pela manhã e não encarei a versão perrengue do Tren de la Muerte boliviano (90 bolivianos). Comprei o que tinha assentos mais confortáveis (350 bolivianos se comprar com uma agência online, ou 235 bolivianos se comprar direto lá no guichê). Eu preferi comprar antes para garantir o meu lugar, mas acabou que o trem foi suuuper vazio e compensava totalmente comprar lá na hora. Gastei dinheiro à toa, fica a dica pra vocês. Além disso, o trem não sai todos os dias, então é bom conferir o site. Tirei esta foto aqui abaixo para mostrar a vocês os preços e dias em que ele funciona:

O trem mais barato e tradicional é o Expresso Oriental, com assento daqueles 90 graus que não reclina e a viagem é mais longa (dura mais de vinte horas), porque ele é mais lento. O trem mais caro que comprei foi o Ferrobús, com assento que vira cama e a viagem durou apenas 14 horas. Fiz a mesma rota do trem tradicional, porém com muuuuuuito mais conforto.

E esse nome Trem da Morte?! Posso dar minha opinião??? Puro marketing… A rota não é nada perigosa, as pessoas que viajam nele são de boa… Por que esse nome então? Há vários boatos da sua origem. Um deles é que há muuuuitos anos atrás esse trem carregava pessoas com malária, e algumas acabavam morrendo no caminho. E por que, na minha opinião, esse nome é puro marketing? Porque nem mesmo bolivianos que moram em Santa Cruz de la Sierra, e que já pegaram esse trem mais de uma vez!, sabiam que ele tinha o apelido de Trem da Morte. Ficaram meio assustados quando comentamos isso. Parece bem pega-turista, né?! Sem falar que vir de trem é bem mais caro que vir num busão confortável. Sei lá, fiquei encucada. Fica a dica pra quem quer fazer esse trajeto entre Brasil e Bolívia! Se eu achei que valeu a pena?! Amo viajar por terra, ainda mais de trem. Curti pela experiência como curtiria em qualquer outra viagem. Mas que é beeeem mais caro, é.

O meu trem, além de ter poltronas confortáveis, tinha ar condicionado e TV passando vários filmes. O banheiro também estava limpinho. E é possível comprar bebidas ou comidas com um atendente que passa de poltrona em poltrona. Dormi muito bem ali à noite.

Dia 18: Puerto Quijarro x Brasil

Finalmente cheguei na fronteira com o Brasillllllll! E ali já senti a diferença no clima: estava um calor de matar, aquele calor úmido, sabe. Tenso! Saímos da estação ferroviária e pegamos um táxi até a fronteira, que custou apenas 3 bolivianos por pessoa (cerca de 0,40 centavos de dólar).

Chegamos lá na hora em que a fronteira abria, às 8h da manhã, e estava uma fila imeeeeensa. Somente na fila ficamos mais de duas horas para atravessar para o Brasil.

A imigração foi tranquila e chegando aqui fui direto para o Pantanal – na maior furada de todas as minhas viagens! Leia o perrengue que eu passei lá nesse post.

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Gastos de viagem: mochilão Bolívia

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