Bairro queridinho carioca, especialmente por sua localização privilegiada e pelos casarões antigos, Santa Teresa é um programa acertado para curtir uma tarde deliciosa no Rio de Janeiro. Gosto de lá porque lembra um Rio de antigamente, com seu ar bucólico, uma vida cultural rica e os trilhos de um bondinho que não passa mais (e que deixou saudade!). -> Opa, atualizando: o bondinho voltou a operar sim e ao final desse texto dou todas as informações de seu novo funcionamento 😀 Obaaaaaaaa!
Colada na Glória, no Centro e na Lapa, Santa (como os mais íntimos chamam o bairro) fica bem no alto de uma serra, e por isso nos presenteia com vistas deslumbrantes do nosso Rio. Ali vivem muitos intelectuais, acadêmicos, artistas, militares e políticos, atraídos pelas características históricas, culturais e pela qualidade de vida do bairro. Para se ter uma ideia, Santa é conhecida como a “montmartre carioca”, devido ao grande número de ateliês por lá. Olha que privilégio! Por isso que passar um dia ali (e quem sabe até mesmo um fim-de-semana!) é um dos programas turísticos mais procurados no Rio.
Santa Teresa recebeu esse nome devido ao Convento de Santa Teresa de Jesus, construído ali em 1750, destinado a abrigar a ordem das Teresianas e das Carmelitas Descalças e onde ainda vivem freiras (existe até um bloco de carnaval super famoso chamado Carmelitas, e que, reza a lenda, tem esse nome devido a uma freira que teria pulado o muro do convento e se misturado aos foliões). Sim, Santa é pura história! Hehehe…
ENTÃO… O QUE FAZER EM SANTA TERESA?
Já começo com uma dica básica: prepare as canelas! Sim, Santa tem ladeiras sem fim. A boa notícia é que tudo é bem pertinho. Para começar seu dia em Santa Teresa, indico ir a um dos principais pontos do bairro, a famosa e linda Escadaria Selarón. Seu nome original, na verdade, era Escadaria do Convento de Santa Teresa, porém foi um pintor e ceramista chileno radicado no Rio, chamado Jorge Selarón, que tornou o local um dos pontos turísticos mais procurados. Selarón iniciou sozinho a obra em 1994 e antes do ano 2000 concluiu os 215 degraus e 125 metros da escadaria, com dinheiro obtido pela ajuda de moradores e venda de seus quadros. Ele contou também com a ajuda de fãs do mundo inteiro, chegando a ter mais de 2000 azulejos diferentes, provenientes de mais de sessenta países.
Minha dica é começar seu tour em Santa pela Selarón justamente porque já ouvi que à noite o clima ali não é dos mais amigáveis – ainda que as escadas atraiam turistas a qualquer hora do dia ou da noite. Vá cedo e curta sem preocupação (claro, apenas estando um pouco alerta, como se deve estar em qualquer canto do Rio de Janeiro). E suba as escadas. São 215 degraus, mas você vai tirando fotos, lendo os azulejos e parando para dar umas respiradas. Vai por mim, você aguenta.
Em 2005 a Selarón foi tombada pela prefeitura e o artista recebeu o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro. A escadaria liga a Ladeira de Santa Teresa à Rua Joaquim Silva, na Lapa. Portanto, uma boa dica para chegar lá é ir de metrô até a estação Cinelândia e ir andando até a base da escadaria, que fica na Rua Manuel Carneiro (são 750m de distância desde o metrô), ou pegar um táxi até lá. A estação Cinelândia fica no Centro do Rio, que nos fins-de-semana fica mais vazio. No entanto, já andei muito por ali em qualquer dia da semana e achei bem tranquilo. Se achar que está muito deserto, pegue o táxi, vai dar uns R$10.
Dali, ande uns 650 metros até chegar no Parque das Ruínas, casarão onde morou Laurinda dos Santos Lobo, grande personalidade da sociedade carioca, e onde aconteceram diversas festas e eventos concorridíssimos lá pelos anos 20 – um verdadeiro ponto de encontro do Modernismo do Rio de Janeiro. Tais festas eram frequentadas por nada menos que personalidades como Villa-Lobos e Tarsila do Amaral. O parque fica na Rua Murtinho Nobre, 169 e abre de terça a domingo, das 8h às 18h.
Depois de um tempo abandonado, saqueado e invadido, o palacete começou a ser restaurado em 1993 e foi transformado no espaço cultural Parque das Ruínas, mantendo parte de seus tijolos aparentes, estruturas metálicas e de vidro. E, acredite, ficou um espetáculo (e sua entrada é gratuita)! Se você curte fotografar, precisa ir até lá.
Do Parque das Ruínas se tem uma vista panorâmica para a Baía de Guanabara e para o centro da cidade, sendo um excelente local para entender melhor a geografia do Rio de Janeiro, com direito a apreciar o Pão de Açúcar, parte da Orla e os Arcos da Lapa. Ali acontecem exposições, há programação especial para crianças nos fins-de-semana e funciona também uma cafeteria (não indico ir em dias de sol quente, pois o local não é muito abrigado).
Do parque, vá caminhando para o Museu da Chácara do Céu, bem ao lado (mesmo, tipo uns 250 metros de distância, há uma pequena ponte que liga o interior do Parque das Ruínas à entrada da Chácara do céu – se não me engano, fica no segundo andar do parque). A entrada custa apenas R$2 e ali está a coleção particular do empresário Raymundo Ottoni de Castro Maya, que morava no local, redesenhado em 1954 em linhas modernistas integradas a um jardim de onde também se avista em 360 graus a Baía de Guanabara.
O acervo do museu se divide em três partes: Brasileira (com nomes como Guignard, Di Cavalcanti, Antônio Bandeira e ainda o considerado maior acervo público de Portinari), Européia (com obras de artistas consagrados como Matisse, Miró e Modigliani) e Brasiliana (com mapas antigos e outras ilustrações de artistas viajantes como Rugendas e Chamberlain e mais de 500 originais de Jean-Baptiste Debret, todos adquiridos em Paris).
O Museu Chácara do Céu está aberto a visitações diariamente (menos às terças-feiras), das 12h às 17h – e tem entrada gratuita às quartas-feiras. Fica na Rua Murtinho Nobre, 93.
Depois desses passeios, imagino que vai te bater uma fominha. Minha dica é você seguir para o Largo dos Guimarães, na Rua Almirante Alexandrino, onde estão excelentes opções de restaurantes. Indico muito o Portella, o Espírito Santa e a feijoada do Bar do Mineiro.
O legal dessa região é que também dá para passear pelos ateliês locais e ver/comprar lembrancinhas, roupas, acessórios, quadros, artigos de decoração. Com sorte, você ainda poderá dar de cara com algum artista produzindo seu quadro ali ao vivo. É cena comum no bairro.
Para facilitar, montei um mapinha com o trajeto que eu sugeri (amo carregar mapas para me achar com mais facilidade e ter ideia do quanto vou me deslocar, acho uma mão na roda). No total, dá uns 2km andando, mas lembre-se que você vai fazer diversas paradas, então o passeio será mais leve.
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