Foto: Fred Schinke |
O Luca, italiano dono do hotel, e sua filhinha de apenas quatro anos nos recepcionaram. De chinelos, blusa de malha, cabelos presos, o Luca nos recebeu com sua simplicidade e simpatia. Nos chamou pelo nome, perguntou se fizemos boa viagem, indicou uma praia logo ali embaixo, com acesso por uma trilha de apenas dois minutos. “Um paraíso em apenas 100 metros de areia”, ele explicou. E abriu as portas do nosso chalé, com uma varanda ampla, janelas destinadas a evidenciar o que o lugar tem de mais bonito: a própria natureza.
O silêncio predomina. Ouve-se cada passo que se dá pelos cômodos. Além da varanda com uma rede de balanço providencial para curtir um italianíssimo dolce far niente, o chalé conta com cozinha toda equipada, em decoração rústica, de toques simples. O segundo andar abriga uma cama de casal, grande e confortável, e dois móveis de madeira para abrigar nossas bagagens. O resto são janelas com tímidas cortinas, que estão ali por puro charme, sem a mínima intenção de esconder o que aparece lá fora.
“A que horas vocês querem que o café da manhã seja servido?”. Respondemos que às 10h. Ou melhor, às 9h. Achamos melhor acordar cedo para ter mais tempo de não fazer nada. E às 9h em ponto chegou à nossa porta uma cesta de palha abastada de guloseimas colhidas e preparadas ali, no terreno atrás do hotel. Pratos quentinhos, como as panquecas de chocolate e morango, devidamente sinalizadas com a etiqueta “sem glúten”. Iogurte caseiro. Mamão e melão orgânicos. Pães recém saídos do forno. Um suco de goiaba tão naturalmente doce, que ignoramos o açúcar mascavo, usado no leite fresco com café que tinha cheirinho de feito na casa da vó. E um visual que chegava a ser indecente. Enquanto saboreava cada um dos aromas, ouvia a criancinha do chalé ao lado brincando. Seu sotaque era francês.
São 10 km de distância do centro histórico de Paraty – algo como ir do Leme ao Leblon? Não há televisão nos chalés. Mas animais de estimação são bem-vindos. Aconselho ir ao Croce del Sud enquanto é tempo. O Luca, que velejou de Ushuaia à Antártida e depois vendeu seu barco para comprar o terreno onde construiu o hotel, tem planos de retornar aos mares. “Terra firme é bom, mas nada se compara a viver no mar”.