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Mal de altitude ou soroche: o que é, sintomas e como evitar?

Uma das maiores preocupações de quem vai viajar para alguns destinos na América do Sul é o mal de altitude, ou como também é conhecido, o soroche ou mal da montanha. 

Essa condição afeta muitas pessoas que não estão acostumadas com a diferença de altitude em relação ao nível do mar, causando uma sensação de mal estar no  indivíduo.

Se você tem viagem marcada para destinos como La Paz, Cusco, Machu Picchu, Salar de Uyuni, ou Deserto do Atacama, entre outros, esse artigo certamente vai te ajudar a entender e evitar o famoso soroche.

O que é o soroche ou mal de altitude?

O mal de altitude, ou soroche, é um distúrbio causado pela falta de oxigênio no nosso organismo – uma condição chamada hipóxia – decorrente da elevação da altitude. 

Quando estamos no mesmo nível do mar, nosso corpo está habituado a fazer um esforço diferente daquele de quando começamos a subir em altitude em relação ao nível do mar. 

Contudo, à medida que subimos, a pressão atmosférica torna-se menor e, consequentemente, a concentração de oxigênio também diminui.

Nessa situação, por mais cheio que esteja, o pulmão não consegue a quantidade necessária de oxigênio para manter todas as funções corporais. 

Então, a respiração torna-se mais rápida e ofegante, o que causa um aumento na acidez do sangue. Para compensar essa dinâmica, o coração tenta bombear mais sangue para os tecidos, levando ao aumento da frequência cardíaca.

Em seguida, o cérebro, que não pode ficar sem oxigênio, consome até 20% do total de oxigênio no corpo. 

Porém, com tantas deficiências de oxigenação, o sistema digestivo deixa de ser prioritário e tudo isso naturalmente desacelera o metabolismo.

Normalmente, o mal de altitude começa atingir pessoas a partir dos 3.400 m de altura — abaixo disso, é difícil alguém manifestar sintomas significativos. 

No geral, a cada 100 m que subimos em relação ao nível do mar, diminui 1% da concentração de oxigênio no ar. Ou seja, quando você sobe a 5 mil metros de altitude, o seu organismo está trabalhando com metade do oxigênio ao qual está acostumado.

Quais são os sintomas do mal de altitude?

região dos andes com altitude elevada
Foto de David Vives

Há alguns sintomas comuns associados ao mal de altitude. Porém, é difícil prever com exatidão como cada corpo reagirá à falta de oxigênio, fazendo com que os sintomas se manifestem de formas distintas em cada pessoa. 

Os principais sintomas do soroche são:

Em casos mais avançados, é possível observar cianose, uma coloração azulada nas extremidades do corpo, como pés e mãos. 

Além disso, a pessoa pode ser acometida pela perda da coordenação motora ou da fala, alterações visuais e alucinações. O mal de altitude agudo pode evoluir para edemas cerebrais ou pulmonares, ambos potencialmente fatais.

Mas calma! Isso são casos extremos, de longa exposição a altitudes elevadíssimas e sem uma aclimatação apropriada. Certamente não é o caso de um passeio aos gêiseres no Atacama.

Como tratar o mal de altitude?

Em geral, a maioria dos sintomas do mal de altitude desaparecem naturalmente um ou dois dias depois que a pessoa entra em contato com a altitude elevada. 

Como uma leve dor de cabeça costuma ser a primeira a se manifestar, pode ser uma boa ideia ter consigo ácido acetilsalicílico, ibuprofeno ou algum remédio do tipo.

Outra alternativa é utilizar a sabedoria e o conhecimento ancestral a seu favor. Ao longo de toda a Cordilheira dos Andes, a folha de coca é utilizada para prevenir e tratar esse mal estar. 

Seja no preparo de um chá ou ao mastigar a própria folha, o princípio ativo atenua imediatamente os efeitos do mal de altitude. Menos conhecida, a chachacoma é outra erva local com os mesmos resultados.

Como evitar o soroche?

Se, por um lado, cada organismo é único, por outro, a lista de cuidados é a mesma para todos: fazer a aclimatação correta e adotar cuidados específicos. Confira a seguir o que fazer para se prevenir do soroche, ou mal de altitude.

Mantenha-se hidratado(a) 

A regra número um para se aclimatar à altitude é manter o seu corpo hidratado. Isso significa beber até o dobro de água que ingerimos diariamente, de 4 a 6 litros. Observe a sua urina – quanto mais clara e translúcida, melhor.

Respire profundamente e com calma

Inspirar e expirar mais rapidamente que o normal não vai aumentar a concentração de oxigênio no ar. 

Por isso, é importante manter a calma e procurar respirar o mais normalmente possível. Se você estiver ofegante, uma dica para relaxar é tentar coordenar os seus batimentos cardíacos com uma respiração mais lenta.

Evite movimentos bruscos

Quem nunca se levantou rápido demais e sentiu uma leve tontura? Agora imagine isso potencializado pela altitude, certamente não é uma sensação agradável. 

Em cenários de altitude elevada, o melhor é mover-se com calma, não mudar de direção subitamente, e dar passos curtos e sem pressa. 

Evite comidas pesadas

Na altitude, a digestão pode ser comprometida. Se você mandar ver naquele lomo a lo pobre (não sabe o que é? Então, confira os pratos típicos da gastronomia chilena), ou qualquer outra comida muito pesada e gordurosa, é muito provável que o seu corpo reaja negativamente. 

Assim, opte por comer alimentos leves e em pequenas porções, e lembre-se de mastigar bem a comida. O ideal é se alimentar com carboidratos, por exemplo, um bom prato de massa.

Deixe as bebidas alcoólicas para depois

Uma bebida alcoólica consumida em altitude elevada parece ter o dobro do efeito do que em relação ao nível do mar, ou seja, com uma taça de vinho, você já sente o efeito de duas.

E antes que alguém veja isso como positivo, já avisamos que a ressaca também potencializa-se pela altitude. 

Além disso, sabemos que o álcool desidrata o corpo rapidamente, e você deve sempre se lembrar da dica número um, né?!

Por isso, evite o álcool sempre que possível, principalmente se você for fazer passeios ou atividades que exigem esforço logo depois.

Respeite o tempo de aclimatação

Considere o tempo de aclimatação no seu roteiro. Sabemos que o tempo de viagem geralmente é limitado e o que a gente menos quer perder é tempo. 

Mas nesse caso, é importante para a sua saúde reservar o primeiro dia para descansar ou fazer atividades que exigem pouco esforço. 

Outra dica é começar o roteiro por altitudes mais baixas e atividades mais tranquilas e ir escalando ao longo da viagem.

Deixe os passeios e atividades de maior altitude para o final. Assim, seu corpo vai gradualmente adaptando-se e aclimatando-se e as chances de evitar o soroche serão maiores.

Conclusão

O mal de altitude, ou soroche, é uma condição muito comum em pessoas que entram em contato com a altitude elevada sem estarem acostumadas. A condição leva a um mal estar desagradável que pode impactar sua viagem.

A boa notícia é que, com essas dicas, você já sabe como tratar e evitar que o soroche aconteça, e como se preparar para situações de altitude elevada.

Espero que essas dicas tenham sido úteis e que você possa aproveitar sua viagem sem o perrengue de passar pelo mal de altitude.

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