Se você planeja fazer o circuito W em Torres del Paine por conta própria, chegou no artigo certo! Confesso que eu tinha um medinho de fazer essa rota na Patagônia chilena, mas também uma enorme curiosidade de conhecer a Oitava Maravilha do Mundo.

Achei que seria muito difícil, que precisaria de guia, de um condicionamento físico muito melhor e de muitas roupas técnicas. 

Três anos morando no Chile, sonhando com a Patagônia e finalmente cheguei a Puerto Natales – a base ideal para quem quer conhecer o melhor parque da América do Sul.

Como minhas viagens são flexíveis e longas, não me preocupei em reservar nada antes de chegar, mas não faça como eu se você viaja com dias contados. Reserve com o máximo de antecedência, se planeje e curta muito Torres del Paine.

Neste artigo conto minha experiência e compartilho dicas para quem quer fazer o circuito W em Torres del Paine por conta própria, sem agência. 

Confira tópicos sobre a melhor época para visitar Torres del Paine, o roteiro que escolhi, os gastos que tive na época (2019), o que levei e o que teria feito diferente. Acompanhe!

Essa parada em Torres del Paine foi parte da minha viagem de 4 meses sozinha pelo Chile indo por terra do Deserto do Atacama até a Patagônia.

Quando fazer o circuito W na Patagônia?

Começando pelo básico, a melhor época para conhecer Torres del Paine e fazer o circuito W é de novembro a março (e essa regra vale para toda a Patagônia). Nos outros meses faz muito frio, e algumas partes do parque podem estar até mesmo fechadas.

A alta temporada vai de dezembro até fevereiro. Isso significa que se você vai nessa época precisa se planejar com ainda mais antecedência. 

Assim, para encontrar o parque mais vazio e com clima mais ameno, opte por ir entre dezembro e março.

Eu cheguei a Puerto Natales dia 13/12 e comecei a W dia 20/12/2019. Passei o Natal dentro do parque e achei uma excelente época. Não estava lotado e consegui algumas reservas em cima da hora. Porém, tive que me adaptar aos dias disponíveis e ficar uma semana em Puerto Natales.

Que rota fazer em Torres del Paine?

As rotas mais conhecidas são a W e a O, sendo esta última uma continuação da primeira. Eu escolhi fazer o circuito W por ser mais curto. O circuito leva esse nome pois as marcações no mapa ficam em formato de W.

Como só fiz a rota W, este artigo terá como foco somente o roteiro desse circuito. Acompanhe!

W clássica ou circuito W invertido?

Quando você decide fazer o circuito W, pode optar pela rota clássica ou pela W invertida. Na época eu não sabia dessas opções. Mas é bom ter essa ideia e escolher a rota que você preferir. 

Você pode começar por Laguna Amarga (clássica) ou pelo Glacial Grey (invertida) que representam as duas extremidades do circuito.

Eu escolhi a rota invertida da W depois de ver o vídeo do Vida de Mochila, que diz que nesta rota você anda admirando as paisagens de frente, enquanto na clássica você precisa parar e olhar pra trás. 

Esse vídeo, aliás, me tirou muitas dúvidas e ajudou a entender melhor o parque. O blog Mundo Sem Fim também tem um artigo sobre Torres del Paine que me ajudou muito no planejamento do meu roteiro.

Outras razões de eu ter escolhido fazer o circuito W invertido: 

melhorar meu condicionamento conforme avançava, já que a base das torres também é o trajeto mais puxado.

deixar a base de Torres del Paine, vulgo cereja do bolo, para o final;

pegar o contrafluxo (já que a maioria faz a clássica); 

Roteiro no circuito W, Torres del Paine

A escolha do sentido do circuito é só o primeiro passo dessa jornada. Além dele, você também precisa decidir o roteiro dentro do circuito. Para isso, é preciso estudar muito bem o mapa, entender as distâncias e escolher onde dormir.

Você pode fazer o circuito W em 3 ou 4 noites – essa é a opção mais comum e o que a maioria das pessoas faz. 

Outra opção é ficar mais noites no parque e fazer tudo com mais calma. Afinal, uma vez que você entrou em Torres del Paine, pode ficar quantos dias quiser sem precisar pagar outra entrada.

Eu fiquei 5 noites, sendo a última “desnecessária” porque já é no camping que tá na saída do parque. No meu caso foi intencional, porque eu queria passar o Natal lá em Torres del Paine.

Rota de campings no circuito W

A rota de campings que eu escolhi fazer no circuito incluiu:

• Camping Grey: caminhei 12 km de Paine Grande até o Grey;
• Camping Paine Grande: caminhei 17 km para ir até a primeira ponte, e depois voltar e ir do Grey até Paine Grande;
• Camping Los Cuernos: caminhei 16 km para ir de Paine Grande a Los Cuernos, passando pelo Valle del Francés;
• Camping Chileno: caminhei 14 km para ir de Los Cuernos até o Chileno;
• Camping Central: caminhei 20 km para subir até a base de torres e depois voltar e descer e ir do Chileno até o Central.

Não se esqueça que os quilômetros patagônicos contam com muitas (muitas mesmo) subidas e descidas. 

Algumas pessoas me pediram pra detalhar de quanto foi a ascensão diária, mas isso é super difícil de dizer porque não subimos tudo de uma vez só. 

Literalmente subimos e descemos a montanha várias vezes em um dia. Segundo o app Saúde do iPhone, ascendi em média uns 500 a 600 metros por dia.z só. Literalmente subimos e descemos a montanha várias vezes num dia. Segundo o app Saúde do iPhone, ascendi em média uns 500 a 600 metros por dia.

O que eu mudaria no meu itinerário?

Bom, como os “erros” estão aí para aprendermos com eles, eu faria algumas coisas diferentes no meu circuito W. Vou desconsiderar o fato que era Natal e que eu tinha um motivo especial para estar mais tempo no parque. Vamos pensar como se fosse uma data normal. 

Algumas mudanças que eu faria no meu roteiro seriam:

Eliminar a última noite no Camping Central

A primeira mudança seria cortar a última noite no Camping Central e ficar com um roteiro de quatro noites, para ser mais econômico. Porém, se você tem tempo disponível e não se importa de gastar mais, pode ser uma boa opção para “quebrar” um pouco esse itinerário. 

Noite adicional no Camping Grey

Outra mudança seria dormir duas noites no Camping Grey para fazer as três pontes do glacial com calma e sem ficar tão puxado. 

Um porém é que eles falam que é proibido reservar mais de uma noite no mesmo camping, mas a verdade é que ninguém confere isso. 

Acabei não fazendo as três pontes porque depois ainda teria que descer para o Camping Paine Grande (11 km de distância do Camping Grey).

Incluir o Camping Francês ou Italiano

Outra possível mudança seria incluir o Camping Francês ou o Italiano, que são gratuitos e precisam ser reservados com muita antecedência (falaremos sobre isso mais adiante). 

Assim, eu me forçaria para ir até o Mirador Britânico, pois há uma subida tensa e longa para chegar lá. 

Acabei deixando para lá porque depois ainda tinha que andar até o Camping Los Cuernos, que estava a 6 km patagônicos depois do Italiano, por exemplo. 

Poderia substituir o Los Cuernos por um desses dois ou apenas acrescentar um dos dois no itinerário mesmo, somando mais uma noite no parque.

Eliminar Camping Central

Não acho que vale a pena dormir no Camping Central (apenas em último caso) pois está mais distante da base das torres e já tá na saída do parque. 

Ou seja, só vale a pena se você não conseguir reservar uma noite no Camping Chileno (que deve ser sua prioridade, pois é o spot perfeito para a noite anterior antes de subir até a base).

Existe a rota perfeita para a W em Torres del Paine?

Essa é uma pergunta difícil de responder, pois há pessoas que gostam de fazer no menor tempo possível e outras que querem fazer com mais calma, seja porque não estão tão bem preparadas fisicamente, seja porque não estão com pressa. 

Eu me encontro no segundo time. Então, em resumo, deixo aqui essa que seria a rota perfeita para mim, feita “com calma” (mas não pense que vai andar pouco diariamente) e visitando todos os pontos que eu gostaria:

• 1: Camping Grey;
• 2: Camping Grey (tirar o dia para visitar as três pontes do glacial);
• 3: Camping Paine Grande;
• 4: Camping Francês (aproveitar para fazer o Valle del Francês e o Mirador Britânico nesse dia);
• 5: Camping Los Cuernos;
• 6: Camping Chileno (no dia seguinte sobe base torres e finaliza o circuito W).

Sim, com o dobro de tempo que algumas pessoas fariam. Minha pressa em viajar é zero. Eu quis de verdade curtir o parque e fazer tudo no meu tempo. Vale lembrar que essa rota também pode ser feita ao contrário.

Camping ou refúgio em no circuito W, Torres del Paine?

Rota definida? Agora é hora de pensar onde você vai se hospedar dentro do parque de Torres del Paine. Existem basicamente as seguintes opções:

• espaço de Camping gratuito da Conaf, onde você leva todo o equipamento;
• camping pago, onde você leva todo o equipamento;
• camping pago “full equipo”, que já inclui o equipamento (inclusive com a barraca armada para quando você chegar);
• dormitório em refúgio;
• quarto privado em refúgio.

Veja que aqui não estou considerando os grandes hotéis que estão no entorno do parque, porque eles já oferecem o pacote completo e aqui estou ensinando a se planejar sozinho.

Abaixo deixo algumas fotos e falo sobre cada uma das opções que enumerei, da mais barata até a mais custosa. Confira detalhes sobre cada opção!

Espaço de camping gratuito em Torres del Paine

Parece até mentira que existe um camping gratuito por lá, mas é real. São mantidos pela Conaf (Corporação Florestal Nacional do Chile) e é preciso organizar-se com ainda mais antecedência para conseguir vaga (considere uns 6 meses antes da sua viagem).

No caso desses campings, a infraestrutura é bem básica e você precisa levar tudo, desde o equipamento de camping (barraca, isolante, saco de dormir, etc) até itens para cozinhar (fogão de uma boca, utensílios, comida). 

Eles também não oferecem duchas para banho, mas contam com banheiros. Você pode reservar seu camping gratuito da Conaf clicando aqui.

Eu passei pelo Camping Italiano (da Conaf) para deixar minha mochila antes de subir pro Valle del Frances e aproveitei pra usar o banheiro. 

O que eu fui tinha até cocô na parede (eca!). Não sei dizer se a manutenção é sempre ruim, só estou relatando minha experiência.

Eu não fiquei nos campings gratuitos por dois motivos. O primeiro foi porque não queria levar todo esse equipamento nas costas. O segundo foi porque me planejei muito em cima da hora e esses campings já estavam esgotados até março de 2020. 

Mas são gratuitos, né?! Então, se você realmente tem um orçamento restrito, pode valer a pena considerá-los. 

Mas lembre-se de planejar-se com antecedência para garantir sua vaga. 

• Atenção: é proibido fazer acampamento selvagem dentro do parque. Só pode acampar dentro das áreas permitidas.

Camping pago e Refúgio em Torres del Paine

Duas empresas têm a concessão dos campings e refúgios pagos no circuito W de Torres del Paine: 

• Vértice (Grey e Paine Grande);
• Las Torres Patagonia (antigo Fantástico Sur) (Los Cuernos, Francês, Chileno, Central). 

Recomendo comprar direto pelo site deles. Eu aproveitei que estava em Puerto Natales para ir pessoalmente ao escritório tirar algumas dúvidas, mas acabei escolhendo comprar online.

Nessas opções que são pagas é mais fácil você conseguir disponibilidade, mas ainda assim pode ser que, por exemplo, você não consiga na ordem de campings que quer caso deixe para reservar em cima da hora. 

Assim, recomendo reservar com pelo menos dois meses de antecedência caso a sua viagem seja em janeiro ou fevereiro.

Conheça abaixo as opções de hospedagem oferecidas por essas duas empresas no circuito W em Torres del Paine.

Você leva todo o equipamento

É uma ótima opção para quem quer levar seu próprio equipamento de camping, mas quer maior infraestrutura e conforto. Por exemplo, eles geralmente oferecem: 

• ducha quente;
• banheiro mais limpo;
• espaço fechado para cozinhar (o vento e a chuva podem ser cruéis na Patagônia);
• mercadinho pra comprar o que faltar;
• restaurante caso não planeje cozinhar etc.

Se você não conseguir vaga nos campings gratuitos da Conaf, essa será a opção mais econômica dentro do circuito W em Torres del Paine.

Full equipo que já inclui o equipamento 

Foi a opção que eu escolhi para todas as minhas noites em Torres del Paine. Você acampa, mas não precisa levar todo o peso do equipamento nas costas, nem tem que armar a barraca quando chega cansado (e talvez em meio a vento e chuva). 

Você chega e está tudo pronto já te esperando, inclusive com colchão (fininho e duro, vai) dentro da barraca. Além disso, essa opção tem toda a infraestrutura do ponto anterior.

Viajei em dezembro e não senti nada de frio dentro das barracas oferecidas pelos campings. Eram todas de boa qualidade, de marcas como The North Face e Doite.

• Importante: você pode escolher levar seu próprio saco de dormir ou alugar o que o camping oferece. Leve o seu caso já tenha um que aguente temperaturas baixas (até 0 ºC) ou alugue em Puerto Natales caso queira economizar (foi o que eu fiz, aluguei um que pesava pouco mais de 1kg).

Dormitório pago em refúgio

Sem querer eu acabei dormindo duas noites em dormitório (e não reclamo). Por alguma razão só me saiu essa opção no site da Vértice quando fiz a compra e, como era a mais barata, eu confirmei e paguei. 

Só no dia de chegar lá que me dei conta que tinha reservado cama em refúgio e não o tal camping full equipo.

Não sei se você tem alguma ideia do luxo que é dormir em uma cama limpinha num lugar quentinho sem precisar pegar vento para ir ao banheiro de madrugada, com tomada dentro ou do lado do quarto. 

Bom, depois dessa declaração de amor já deu pra perceber que é uma ótima alternativa caso grana não seja um problema para você, né? 

Não que acampar não tenha seu charme, mas conforto depois de muita caminhada em um lugar tão inóspito cai muito bem.

• Fica a dica: eu reservei o dormitório do Camping Grey com preço mais barato do que todos os camping full equipo da Fantástico Sur (atualmente Las Torres Patagonia) 

O pulo do gato para se dar ao menos essa noite de luxo: selecione a opção sem roupa de cama, onde você leva seu próprio saco de dormir (já vai ter que levar pros outros dias mesmo). Fazendo isso o preço quase cai para menos da metade. Além disso, eles ainda oferecem travesseiro (sem fronha).

Quarto privado pago em refúgio

Essa é a opção para quem realmente não está preocupado com a grana e quer, além de conforto, privacidade. Pra ser sincera, não conheci essa opção e vi muita gente, até mesmo casais, nos dormitórios.

A recomendação aqui é analisar camping por camping e entender o que é realmente oferecido. Mas fica a dica aqui para quem quer algo mais nesse sentido. Não deve decepcionar, né? 

Alimentação em Torres del Paine: como funciona?

Acho que essa pergunta só não foi mais popular nos directs do meu Instagram que o peso da minha mochila. Na verdade, ambos questionamentos acabam estando relacionados, né?

Você pode tanto levar toda a sua comida para os dias de caminhada, como comprar as refeições dos restaurantes (menos nos campings gratuitos, que não oferecem essa opção). 

Eu, claro, fiz meio a meio. Uma grande preocupação que eu tive foi o peso da mochila. Afinal, são muitas e muitas horas de caminhada subindo e descendo montanhas. 

Eu não queria levar fogão, panela etc. Preferi levar na mochila coisas que poderiam ser comidas frias e alternar com refeições quentinhas servidas nos campings. 

Nos dois primeiros dias, por exemplo, eu comprei só o jantar oferecido, e levei minha própria comida para almoço e café da manhã com o pensamento de que eu estaria mais descansada no início e poderia levar mais peso. 

Um detalhe importante a nosso favor: faz frio em Torres del Paine, então as comidas não estragam rápido. 

Já para os três dias seguintes eu comprei o que eles chamam de Half Board, que inclui café da manhã e jantar. Fiz todas as compras de refeições antecipadamente pelo site da Vértice e da Fantástico Sur. 

Mas em último caso vi que lá eles vendem hambúrgueres, pizzas, entre outros. Em alguns mercadinhos de campings também vendiam coisas para beliscar e alugavam até o fogão com utensílios para cozinhar.

Atenção: para quem leva a própria comida, é importante saber que só é permitido cozinhar nas áreas determinadas do camping, sob pena de multa para quem seja pego fazendo o contrário.

Minha lista de alimentos no circuito W

Alguns itens que levei e deram certo foram:

• pão pita (pois não amassa na mochila, peguei essa dica no post do Mundo sem Fim);
• queijo;
• queso crema (tipo um requeijão popular aqui no Chile);
• lata de atum (veja se é dessas que abre facilmente);
• chocolates;
• biscoitos;
• amendoim;
• damasco seco;
• manteiga de amendoim.

Levei e não deu certo, e itens dispensáveis

Durante a viagem, alguns itens que não deram certo ou que foram dispensáveis foram:

• lata de atum. Uma delas era dessas que precisa de abridor, e eu não tinha um. Me dei conta quando cheguei lá e tive que descartar;
• frutas. Coitadas das bananas que eu levei, no início do primeiro dia comi duas. As outras duas já estavam totalmente esmagadas e nojentas no final do dia. Maçã seria uma ideia melhor;
• litros e litros de água. Leve uma garrafa de até 1 litro e você vai poder encher nos muitos rios por onde passar (escolha locais onde tenha água corrente e seja mais afastado dos campings).

Alimentos servidos nas refeições dos campings em Torres del Paine

As refeições servidas nos campings variaram bastante de um para o outro. No jantar alguns faziam esquema de buffet, onde você se servia à vontade. Outros traziam o prato pronto na mesa. Sempre havia entrada (sopa), salada, prato principal, sobremesa e água. 

Houve dias em que comi salmão, outros em que comi ceviche. No geral, a comida era gostosinha. O que mais gostei foi no Grey e o que menos gostei foi no Paine Grande (era um buffet sem gosto e na minha vez a opção vegetariana simplesmente acabou e levaria 20 min pra ser reposta). 

No café da manhã havia ovos mexidos, pão, manteiga, nutella, queijo, café, chá, leite, chocolate. Senti falta de ter frutas. 

É importante ressaltar que se você tiver alguma restrição alimentar, é preciso avisar no momento da reserva.

O que levar no circuito W em Torres del Paine?

Sobre os itens que achei relevante levar na mochila, além das comidas, separei uma lista com tudo que levei: 

Levei, usei e recomendo

Sobre os itens que usei e recomendo durante a viagem, a lista incluiu:

• 2 blusas de primeira pele de manga comprida (uma era dryfit da Quechua);
• 1 blusa normal de gola alta e manga comprida;
• 1 camiseta dryfit;
• 1 blusa normal pra usar nos campings;
• casaco impermeável e corta vento (o meu era da Quechua);
• 1 fleece (a minha era Columbia);
• 1 bandana (dessas que protegem o rosto e o cabelo do vento);
• 1 calça de secagem rápida que vira bermuda (comprei uma excelente na The North Face de Punta Arenas);
• 1 calça legging preta;
• 1 calça ou short para usar nos campings;
• 2 gorros;
• 1 par de bastões de trekking (comprei na loja da Salomon em Puerto Natales);
• 1 saco de dormir resistente a baixas temperaturas (aluguei no Hostal Geminis);
• 3 calcinhas;
• 5 meias (3 eram bem quentinhas);
• 1 toalha de microfibra (que seca rápido e não ocupa volume na mochila);
• 1 chinelo;
• 1 bota de trekking impermeável já bem amaciada;
• 1 óculos de sol;
• 1 fone de ouvido com Bluetooth;
• 1 bateria externa com boa capacidade;
• 1 capa impermeável para o mochilão;
• 1 mochila pequena extra;
• 1 lanterna de cabeça (usei só no dia de subir a base das torres de madrugada);
• 1 jogo de talheres de plástico com um garfo, uma faca e uma colher;
• 1 necessaire com protetor solar, shampoo, condicionador, óleo para o cabelo, hidratante, pasta de dentes, escova de dente, desodorante, spray desodorante para os pés, de preferência tudo em tamanho pequeno.
• 1 caderno e 1 caneta para anotações e reflexões da viagem;
• 1 cartela de relaxante muscular; 
• 1 cartela de band-aid.

Levei e foi desnecessário

Outros itens que levei, mas acabaram sendo desnecessários durante a viagem foram dois potinhos pequenos de plástico para armazenar comida e um biquíni (eu sempre levo biquíni onde vou porque nunca se sabe, né?).

Senti falta de levar

A única coisa que senti falta de levar foi um par de luvas impermeáveis. Durante a viagem, minha mochila começou com cerca de 13 kg e terminou com uns 9 kg, conforme fui comendo tudo que eu levei. 

Os dois primeiros dias foram tensos, senti muita dor nas costas por causa do peso e os relaxantes musculares me salvaram.

Como eu me preparei para Torres del Paine?

A preparação é essencial para conhecer Torres del Paine e fazer o circuito W. Mas, apesar de eu não ser um exemplo, achei legal compartilhar aqui a minha experiência do que fiz para me preparar. 

Não é a primeira vez que faço um trekking longo. Em 2016 fiz o Caminho da Luz, em Minas Gerais, que durou 7 dias porém com ascensões menos acentuadas. 

Para ambos me preparei quase da mesma maneira. Pouco mais de um mês antes comecei a fazer caminhadas longas todos os dias, andando no mínimo 10 km. Para Torres del Paine, incluí também algumas caminhadas com ascensão (subi até um vulcão).

Posso dizer que funcionou. Pela vida que levo, sempre na estrada e sem rotina, é difícil fazer algum esporte com regularidade. Portanto, a caminhada se encaixou bem pro meu estilo de vida, já que posso fazer em qualquer lugar.

Vale a pena ressaltar que muitas dessas caminhadas eu fiz com a bota que usei em Torres del Paine. Isso foi essencial, porque minha bota já chegou bem amaciada e não tive problemas no parque, tirando uma bolha em um dedo no último dia e porque eu caminhei com a bota molhada.

Assim, se possível, comece a preparar-se com certa antecedência, principalmente se você não tiver o hábito de embarcar nesse tipo de experiência com frequência.

É perigoso fazer o circuito W sozinho(a)?

Essa foi uma preocupação que tive, ainda mais porque eu sou muito desligada. Mas depois de fazer todo o trajeto completamente sozinha – sozinha mesmo, não quis nem andar acompanhada das pessoas que conheci lá –, posso dizer que não tem perigo de se perder.

Todo o caminho oficial da trilha é muito bem demarcado, além de ser proibido usar outra rota. As poucas vezes em que saí da trilha sem querer logo me dei conta de que estava errado ao ver que não estava tão bem demarcado.

E os pumas em Torres del Paine?

Outro medo comum são em relação aos pumas dentro do parque. Sim, eles estão por lá, mas são uma espécie quase em extinção. Eu não vi nenhum durante a trilha, mas conheci uma menina que viu dois na semana anterior em que fui.

Os pumas em geral não se aproximam de pessoas, mas eles podem ser perigosos, ainda mais se estiverem comendo ou com suas crias. 

As recomendações caso você encontre um são:

• não corra;
• estique os braços para cima para parecer que é mais alto;
• olhe nos olhos dele.

Se isso não der certo, corra! 

O dia que realmente fiquei com medo foi quando fiz a base das torres sozinha de madrugada e toda a subida foi no escuro, só com minha lanterninha de cabeça.

Fiquei com tanto medo que subi super rápido e sem fazer nenhuma parada de descanso com medo de ser atacada. Não sei se há casos assim no parque, mas não posso negar minha apreensão.

Tem internet em Torres del Paine?

Meu primeiro comentário aqui é que foi maravilhoso me desconectar por seis dias. Todo mundo deveria fazer isso de vez em quando para se conectar consigo mesmo. Mas para os que não querem fazer isso, há solução. 

Em todos os campings que eu fui tinha wifi pago, às vezes num computador que eles alugavam, outras para usar no próprio celular. 

Claro que não recomendo contar 100% com isso, você estará no meio do nada e pode ser que não funcione no dia em que estiver lá.

Sobre preços, não sei dizer. O único lugar que olhei foi na recepção do parque, onde 1 hora de internet custava 5 dólares e 3 horas custavam 8 dólares. 

Quanto à rede de celular, não há sinal disponível no parque. Então, você precisa contar com os wifis dos abrigos caso queira se conectar com o mundo online.

Tem eletricidade nos campings e refúgios do circuito W?

Há eletricidade em todos os refúgios, embora pode ser que tenha horários de uso específicos. Você pode usar as tomadas das áreas comuns ou, se estiver dormindo em um dos quartos do refúgio, pode ser que tenha tomada dentro do quarto ou ao lado da porta.

Minha recomendação é que você leve um powerbank 100% carregado para carregar ao menos seu celular. 

Eu levei um que dava para quatro cargas e não fiquei nenhum dia sem bateria no celular para tirar fotos. 

Um ponto positivo é que, como não tem sinal dentro do parque, a bateria acaba durando mais.

Aceita cartão em Torres del Paine?

Tinham me informado que em todos os campings de Torres del Paine aceitavam apenas pagamento em espécie, porém vi alguns aceitando cartão. 

Pode ser que de 2019 para cá isso tenha mudado. Por via das dúvidas, leve dinheiro em espécie para evitar perrengues.

Onde comprar o ingresso para o Parque Torres del Paine?

Você pode tanto comprar seu ingresso ao parque pela internet, direto no parque ou no terminal de ônibus de Puerto Natales (foi o que eu fiz). Leve seu documento de identificação. 

Após comprar o ingresso é obrigatório assistir um vídeo de pouco mais de dois minutos com instruções sobre o parque.

Importante: na teoria, você só pode comprar a entrada se já tiver a reserva de todos os campings onde vai ficar. Na prática eu fui no terminal comprar, a funcionária pediu pra ver minhas reservas, eu mostrei uma, ela nem olhou se estava no meu nome e já me passou um cadastro para preencher.

Guarde seu ingresso e leve para apresentar no dia de entrar no parque, junto com seu documento.

Quanto custa a entrada do parque Torres del Paine?

De acordo com o site oficial do parque, os valores variam entre residentes chilenos e estrangeiros. Atualmente (outubro de 2024), para estrangeiros maiores de 18 anos, a tarifa para menos de três dias é de 31.200 CLP ou 39 USD. Para mais de três dias, o preço é de 44.500 CLP ou 56 USD por pessoa.

Acompanhe possíveis atualizações no site oficial do parque Torres del Paine. 

Como chegar ao Parque Torres del Paine?

A cidade base ideal para conhecer Torres del Paine é Puerto Natales. Você pode ir ao parque de ônibus saindo do terminal de Puerto Natales, em um trajeto que dura pouco mais de duas horas. Há várias companhias de ônibus que operam nesta rota. 

No meu caso, eu comprei ida e volta com a Buses Gomez. O ônibus era bom, confortável e pontual. Na volta eu terminei todo o circuito bem antes do que eu imaginava, porém tinha reservado a passagem de volta para 19h45, então peguei um ônibus com outra companhia (ainda eram 11h da manhã e eu não queria esperar).

Chegando ao terminal de ônibus de Puerto Natales, fui direto no guichê da Buses Gomez devolver a passagem e pedir o reembolso. Para minha surpresa fui informada que não havia nada de reembolso, nem mesmo uma porcentagem. Ou seja, perdi 40 reais nessa brincadeira. 

Aí fica a pergunta: vale a pena comprar ida e volta de uma vez só? Da próxima vez que eu voltar a Torres del Paine, certamente não vou comprar. O ônibus que peguei pra voltar estava vazio e comprei a passagem direto com o motorista.

Booking.com

Quanto custa fazer a W em Torres del Paine?

Bom, como você deve ter percebido, existem muitas variáveis que interferem em quanto custa fazer o circuito W em Torres del Paine. Eu optei por um meio termo. 

Não quis levar todo o peso do equipamento de camping, e por isso paguei pela comodidade. Também não quis levar todo o equipamento para cozinhar, então comi coisas frias que eu mesma levei e paguei pelas comidas quentinhas que os campings oferecem. 

Abaixo deixo a tabela completa com todos os valores que gastei fazendo a W em Torres del Paine sozinha, sem muito perrengue, mas buscando economizar. 

Espero que essas informações te ajudem a se planejar ou ao menos ter uma ideia do que é preciso fazer para ter uma experiência independente como a minha neste destino da Patagônia chilena. 

Conclusão

Se você chegou até aqui, já sabe como se organizar para fazer o circuito W em Torres del Paine por conta própria. 

Com dicas verdadeiras e práticas de como foi minha experiência, espero que esse conteúdo te auxilie na organização da sua viagem e que você tenha uma vivência incrível neste paraíso patagônico no Chile.

Se você gostou deste conteúdo, lembre-se de continuar acompanhando minhas aventuras por aí e confira outros conteúdos completos de viagem aqui no blog!