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Meu overland tour de 8 dias na África – por África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zimbábue

No meu post anterior aqui no blog, eu contei sobre o que é um overland tour na África (leia aqui). E agora vou contar um pouco mais sobre como era nosso dia-a-dia e o que conhecemos durante os oito dias em que viajamos de caminhão acampando em reservas naturais da África. Durante a viagem fiz um diário de bordo, e é ele que vou compartilhar aqui com vocês. Eu fiz meu overland tour com a Nomad Adventure Tours e nós começamos essa aventura em Joanesburgo, na África do Sul, depois atravessamos Botsuana de uma ponta à outra, dormimos uma noite na Namíbia e terminamos o tour no Zimbábue.

De Joanesburgo a Tuli Block: Overland tour na África, dia 1

No primeiro dia, fui para nosso ponto de encontro em Joanesburgo, onde conheci os outros viajantes e também o caminhão que seria nossa “casa” pelos próximos dias. Cerca de 500 km nos esperavam e começamos com uma paradinha num pequeno centro comercial para as últimas compras pra viagem (água, snacks, álcool gel, cerveja, vinho). Lá os guias Beck e David também compraram comidas para prepararem nosso almoço e jantar. Seguimos estrada e toda a infra é excelente: estradas muito boas e bonitas, gente educada. Na fronteira da África do sul com Botsuana foi bem rápido. Chegando ao novo país, paramos para trocar dinheiro. E nosso camping ficava logo depois de lá, uns 30 km de estrada de chão. Dormimos no camping da Stevensgord Lodge. Que estrutura! Lugar lindo e excelente para camping. Tinha um cômodo com banheiro, onde também havia um armário com travesseiros e colchas, então nós tomamos banho no maior conforto. Nossa barraca, que a Nomad Tours oferece, era muito profissa, bem resistente e espaçosa. Dormimos eu e Paty na barraca, minha amiga que estava viajando comigo. overland-tour-africa-15 Chegamos ao nosso camping no finzinho da tarde e a ideia era já fazer um game drive (onde você sai de jeep para tentar ver animais selvagens). Mas estava ventando e isso afasta os animais (é que, com o vento, eles não conseguem sentir o cheiro do inimigo, aí por isso não ficam andando por aí). Então a equipe sugeriu fazermos nosso game drive às 5 h da manhã com o nascer do sol. Nosso guia Beck então preparou nosso jantar enquanto tomamos banho e dividimos umas cervejas. Mais uma vez: impressionada com a estrutura da Nomads! Os guias muito educados e tudo preparado com extrema limpeza e organização. Nota mil! Nós mesmos montamos as nossas barracas com a ajuda do David. A primeira vez parecia mais complicado por ser uma barraca mais resistente e pesada, mas no fim já conseguíamos erguer tudo em menos de dez minutos. Nessa noite dormimos muito bem, pois refrescou à noite.

De Tuli Block a Maun: Overland tour na África, dia 2

Acordamos às 4:40 da manhã para ir pro game drive. Estava um friozinho.. Só nos arrumamos rapidinho e pegamos o jeep para ir observar os animais. É engraçado que há animais dos quais nunca ouvi falar! E foram uma grande surpresa! Eles falavam os nomes em inglês e eu só fazia que sim com a cabeça Rsrs Muitos eu mal sei repetir o nome! Começou com um vento bem geladinho e aos poucos o dia foi nascendo, e o sol daqui é uma coisa impressionante! Como o clima é mt seco, não há nuvens no céu, então o sol é apenas uma bola de fogo isolada por entre as árvores de galhos secos da reserva. Logo logo apareceu uma girafa. E duas. E três! Lindas! Eu fiquei tão encantada, pois elas não se assustam com a gente. Ficam lá quietinhas, brincando entre elas, de vez em quando olhavam para nós… Como elas são maravilhosas! Vimos também zebras, mas tão de relance que mal deu para tirar foto. Elas estavam em bando e corriam a cada vez que chegávamos mais perto com o carro. Um ótimo começo de viagem por Botsuana! Ainda mais com o visual do nascer do sol! Na volta, paramos para um delicioso café da manhã no nosso camping, desmontamos nossas barracas e nos preparamos para pegar a estrada. Destino: 710 km até Maun! O ventinho frio da manhã deu lugar a um calor seco absurdo! Nem abrindo as janelas do nosso caminhão estava dando conta. Mas como havia acordado bem cedo, aproveitei para dormir… Quando acordei, estávamos parando em um posto de gasolina para o almoço. Mas não íamos comer em um restaurante de beira de estrada: Beck mais uma vez assumiu o fogão e nos preparou deliciosos sanduíches! Sim, nosso caminhão tem toda essa infra aí! Enquanto ele preparava o almoço, comprei uma cerveja local no posto de gasolina próximo (custou 14 pulas). Almoçamos e depois com o calor não resisti a um sorvete. Estava quente DEMAIS! Uma observação que não posso deixar de fazer: a limpeza de todos os lugares onde passamos! O banheiro era incrivelmente limpo, e era um posto de gasolina de beira de estrada. E todos são assim, não apenas esse. Também curti que é fácil pagar com cartão aqui. Outra coisa: aqui é tão seco que eu mal lavo a mal e ela já seca! Sério, em menos de 15 segundos já estou com a mão sequinha! Apenas algumas observações do meu diário de viagem. …E assim voltamos para mais estrada. Dali seguimos para nosso camping em Maun, chegamos lá já anoitecendo e montamos nossa barraca. Lá era engraçado porque paramos um pouco afastados do banheiro (uns 30m mais ou menos) e eu e Paty nos perdíamos o tempo todo, de tão escuro era o lugar – sim, zero energia elétrica! O bom desse camping é que tinha Wi-Fi de graça na recepção. À noite, depois do jantar, que estava deliciosooooo, eu e Paty fomos lá pra dar notícias pra família e postar fotos em redes sociais. O lugar era muito bonito e tinha até uma piscina! Banheiros do camping super limpos, e separados entre feminino e masculino. Dormimos muito bem mais uma vez em nossas ótimas barracas.

De Maun ao Okavango Delta: Overland tour na África, dia 3

Acordamos bem cedo para o café da manhã, pra desmontar nossa barraca e usar o Wi-Fi rapidinho antes de sairmos. Dali pegamos estrada. E, mais uma vez, estava MUITO quente esse dia. No caminho paramos em um mercadinho e eu e Paty compramos sorvetes para todo mundo. Quando a fome começou a apertar, paramos nosso caminhão num lugar na beira da estrada onde havia apenas uma árvore para servir como sombras e o Beck preparou nosso almoço. Assim que terminamos de comer, um outro carro veio nos buscar pra nos levar a um camping à beira do Okavango Delta. Pelas próximas duas noites não precisaríamos armar barraca, pois nossa acomodação já oferecia a estrutura pronta e iríamos passar dois dias lá. Chegando lá, nossa barraca tinha até CAMA! Um luxo, hahaha! E havia também um bar à beira do rio, muito incrível! Mas o destaque era o banheiro, super natureba e meio aberto, então conte com a ideia de tomar banho com pererecas e sapos. Ou quem sabe uma cobrinha que resolva dar o ar da graça por ali… Ah, já comentei que não havia energia elétrica após as 18h? Chegamos lá por volta de 15h e quando estávamos no bar, as funcionárias vieram correndo nos avisar que os elefantes estavam ali perto. Largamos tudo e fomos correndo ver! Mas não nos deixaram chegar perto porque estavam com filhotes e isso os torna muito violentos. O jeito foi nos contentar com fotos à distância. Quando deu umas 16:30 fomos para nosso sunset cruise, que consistia em um barco apenas para nosso grupo. A ideia era tentar ver animais, entre eles hipopótamos – os mais perigosos e que mais matam na África!!! Bom, não foi dessa vez que vimos hipopótamos, mas vimos um crocodilo bem de pertinho (até descemos do barco pra chegar perto dele) e muitos pássaros. Mas o ponto alto do passeio foi o por do sol! Uau! Um dos mais lindos da vida (acho que sempre repito isso quando me deparo com um por do sol inesquecível, rsrs). Vale muito a pena fazer esse passeio (custa entre 10 e 15 dólares e dura cerca de duas horas). Na volta, já à noite, eu e Paty fomos tomar banho no tal banheiro meio aberto. Claro, assim que entrei, a primeira coisa com a qual me deparei foi um sapo! Ecaaaa! Detalhe: não há luz no banheiro e estávamos apenas usando uma única lanterna pra tentar iluminar alguma coisa. Nem preciso dizer que foi um banho mais que emocionante né?!? No escuro, no meio da floresta, ouvindo mil bichos… Hahahaha Depois do banho, foi hora de jantar (delícia a comida de lá!) e depois dormir em nossas excelentes barracas – ouvindo o som de muuuuitos elefantes à noite!

Okavango Delta: Overland tour na África, dia 4

Acordamos cedo, a princípio para ver o sol nascer, mas a preguiça bateu e ficamos na cama curtindo o som dos passarinhos em volta da nossa barraca! Depois do café da manhã, saímos para um passeio de dia inteiro de mokoro (nome dos barcos tradicionais de madeira utilizados no Okavango Delta). A ideia também era vermos elefantes e tal, mas… Não rolou de novo! Estava um calor infernal! No entanto, o passeio de mokoro, por si só, vale a pena. Me senti muito privilegiada por estar vivendo aquilo ali. Assim são os mokoros: Os guias nos levam até um ponto onde atracamos e saímos para um tour a pé. Mas vimos apenas… Cocôs de elefantes! Rsrs E descobrimos q eles são reaproveitados para fazer papel na África! Acreditam?! Nesse passeio a pé  o calor estava demais e só conseguimos ver pássaros. Na volta, paramos para almoçar um sanduíche mesmo que eles haviam trazido para nós. E depois foi a hora de mais passeio de mokoro. Chegamos de volta ao nosso camping por volta de umas 15h30, tomei um banho e me atraquei com uma cerveja local enquanto batia papo com os amigos que acabei de fazer no deck à beira do rio. Que sensação! Depois fomos ver o por do sol e tentar observar mais algum bicho exótico, mas é realmente perigoso sair sozinho, então não nos atrevemos ir muito longe. De lá fomos jantar e cedinho já estava na cama para dormir (umas 20:30!!!!). Estava morta do calor durante o dia, e as cervejinhas me relaxaram absurdamente.

Do Okavango Delta à Namíbia: Overland tour na África, dia 5

Como dormimos cedinho, conseguimos acordar pra ver o sol nascer. Depois arrumamos nossas malas, fomos tomar café da manhã e era hora de pegar estrada para retornar ao nosso truck para seguir em direção à Namíbia, onde iríamos dormir. E o mais surreal aconteceu: no Safari 4×4 que nos levava de volta ao truck, do nada o Ian, um inglês do nosso grupo, gritou: “Um elefante!!!!”. Todo mundo se levantou e começou a tirar fotos. E de repente.. “Olha, tem mais um do lado de cá! E mais um! E mais outro! E outro!”. Nos vimos rodeados de elefantes por todos os lados, sendo que ela estavam meio escondidos atrás dos arbustos. De repente um deles resolve vir para o meio da estrada e se vira em nossa direção. Fomos à loucura! Eu só ouvia cliques de câmeras! Atrás dele, um filhotinho! E mais um! Todo mundo vidrado, tirando mil fotos, vibrando, sem acreditar que nos últimos dois dias fizemos vários safáris sem conseguir ver nem um elefantezinho sequer, e agora demos de cara com váááários no momento em que deixávamos a reserva natural. Foi quando eles se enfureceram e ameaçaram avançar em nosso carro. (Fácil saber se eles vão atacar: eles balançam as orelhas pra frente e pra trás, levantam terra com os pés, e dão uma mini corrida em sua direção e freiam). Bom, todo mundo se assustou e nosso guia acelerou tudo q pode. Voltamos todos com um sorrisão no rosto, de um lado ao outro, maravilhados com aquela oportunidade que o parque nos trouxe aos 48 do segundo tempo. Quando reencontramos nossos guias do truck, estávamos felizes da vida. Nem mesmo a notícia de q enfrentaríamos quase 500km pela frente nos desanimou. Embarcamos no caminhão, num calor do cão, e seguindo viagem rumo à Namíbia. Passamos pela imigração, e adentramos um parque do novo país, porém onde era proibido pararmos – no máximo frear quando houvesse animais atravessando a pista. E me chamou a atenção a quantidade de lixo pelo parque! Muito lixo pelo chão. Também observei as muitas casinhas (tipo ocas) onde as pessoas moram. Parece cena de filme. Antes eu achava que os filmes exageravam mostrando as pessoas morando assim, achava q era muito “caricato”, sabe. E hoje vejo que é mesmo a realidade deles ainda hoje. Casas muito simples, zero infra estrutura no entorno. Aqui eles andam muito para chegar a outro lugar, embaixo de sol e poeira. Vi também pela estrada aquelas mulheres em roupas super coloridas carregando seus filhos em faixas de tecido agarradas ao corpo. Outras carregando bolsas enormes e pesadas em suas cabeças. Muitas crianças em uniformes. Muitos burros, vacas, veados. Eu nem piscava! Paramos em um mercadinho local para reabastecer o truck com comidas, e depois continuamos viagem cortando o extremo Norte da Namíbia. Mais uma vez paramos para almoçar à beira da estrada. Quando chegamos ao nosso camping, chamado Chobe Camp, e a apenas 10km da fronteira com Botsuana, armamos nossas barracas e nos preparamos para jantar. Era um lugar sem eletricidade alguma em meio ao nada. Na ida , vimos muito cocô de elefante, o que mostra a presença deles naquele entorno. E nessa noite, no meio da floresta, sob luz de velas, abrimos garrafas de vinho e ouvimos músicas africanas enquanto batíamos papo e nosso guia David contava lendas do Zimbábue (meu próximo país a ser desbravado – sozinha e sem tour!). Dormi cedo, umas 21h, e a Paty depois me contou que havia muitas hienas perto de nossa barraca, pois ela ouviu o barulho delas a noite toda. Mas eu, com o vinho todo, estava capotada!

Da Namíbia de volta a Botsuana: Overland tour na África, dia 6

Hoje combinamos de sair mais cedo que o usual, às 7h, então às 5h15 o Ian, nosso inglês mais divertido de todos, já estava nos acordando. Fomos presenteados com um nascer do sol incrível. Logo depois tomamos café da manhã e seguimos para cruzar novamente a fronteira, dessa vez saindo da Namíbia e entrando em Botsuana. A primeira coisa que observei ao cruzar a fronteira foi o aparecimento de diversos baobás! Lindos, enormes! O David nos contou que é difícil um baobá morrer, pois quando ele cai no chão, rapidamente cria raízes novamente e se recupera – pois tem muita água em seu tronco, e até mesmo por isso é alimento de elefantes. Elefantes comem seu tronco, que é fibroso e tem muita água. Nesse dia ainda teríamos um safari de barco no fim da tarde. Ese safari começou meio devagar, apenas com observação de pássaros e sem muitos animais selvagens. Mas de repente… Hipopótamos, elefantes, zebras, búfalos. Todos eles estavam a poucos metros de nosso barco! Incrível demais ver os animais assim em seu habitat natural e de tão pertinho. Nesse barco também curtimos um lindo pôr do sol tomando uma cervejinha. Que ótima maneira de me despedir de Botsuana…

De Botsuana para Victoria Falls, no Zimbábue: Overland tour na África, dia 7 

Depois de passarmos uma última noite em Botsuana, foi a vez de atravessarmos pela primeira vez para o Zimbábue, já que nosso destino final seria em Victoria Falls (uma das 7 novas maravilhas da natureza, assim como nossas Cataratas do Iguaçu). Chegamos e fomos direto conhecer o parque onde estão as cataratas – ela se divide entre o lado do Zimbábue e o da Zâmbia, e ainda vou escrever sobre ambos aqui no blog. Duas horinhas são um tempo suficiente para conhecer as cataratas de Victoria. Elas são lindas e enooooormes e é bem difícil não compará-las com nossas cataratas brasileiras. Ambas são incríveis, mas senti falta de uma passarela que me levasse mais próximo das quedas do Zimbábue, como é a nossa garganta do diabo aqui no Brasil, por exemplo. Depois desse passeio, fomos para nosso hotel, que era muito bom. Depois de uma semana dormindo acampada, não foi nada mal ter um descanso numa cama de verdade. Lá nos hospedamos no Rainbow Hotel, que fazia parte do pacote que comprei com a Nomad Tours. À noite fomos todos juntos jantar no Mama Africa, um restaurante de comidas típicas e que tinha também música ao vivo. Um pouco turístico sim, mas com certeza um programa que recomendo em Victoria Falls. Os preços eram bem ok – minha conta deu 18 dólares, somando meu jantar mais uma cerveja. Lá eu comi sadsa, é tipo um purê de polenta, muito típico e que você verá em vários lugares da cidade. No dia seguinte acabou nosso tour com a Nomads e eu segui viagem por conta própria com a Paty, atravessando o Zimbábue por terra até retornar à África do Sul. Num próximo post vou contar mais sobre essa aventura!

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Veja nesse vídeo abaixo como foi nossa aventura por Botsuana, o país onde passamos a maior parte do tempo do overland tour:

E leia mais também sobre essa viagem pela África:

28 dias na África: roteiro África do Sul, Suazilândia, Botsuana, Namíbia, Zimbábue

Primeiro dia na África – perdi minha mochila com tudo dentro

Um fim de semana na Suazilândia – o menor país do Hemisfério Sul

Wilderness – o vilarejo da África do Sul onde eu poderia viver para sempre

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