Essa semana fez um mês que cheguei na Croácia, mas foi depois de rodar pela costa da região da Dalmácia (Split, Hvar, Pag, Zrce, Zadar, Biograd) e finalmente fixar residência em Zagreb que pude conhecer de verdade um pouco mais dos costumes do país e do povo daqui (quem me acompanha nas redes sociais já sabe, eu tô tão, mas tão in love por tudo isso aqui…!).
Primeiro de tudo, e que eu consegui perceber nos meus primeiros cinco minutos na capital, as pessoas aqui são excessivamente receptivas e atenciosas. Dá até vergonha tem hora! Você pede informação de um lugar, eles te pegam pela mão e te levam lá. Se não falam inglês, arrumam alguém que fale por perto. Se não sabem responder onde é a rua X, pegam o próprio smartphone e buscam. Estou apaixonada pela educação do povo croata, em especial em Zagreb, que é menos turística que os destinos de praia e por isso é mais fácil conviver com a galera que é daqui.
Segundo: se te chamarem pra um cafezinho, não espere nada além do simples café, ou fava, como dizem aqui, (no máximo um café com leite) acompanhado de um copo de água. Mas, para essa pequena xícara de café reserve no mínimo três horas do seu dia. Os próprios croatas brincam com esse costume e com a crise no país para explicar por que as mesas dos cafés estão sempre cheias, mesmo em horário de expediente: é que os croatas se encontram para tomar uma xícara da bebida e poder reclamar por horas dos problemas e da dificuldade em encontrar emprego na Croácia. Ah, e se eles têm emprego e trabalham, as reuniões são feitas nas cafeterias. Ou terminam lá para selar o encontro. Tudo gira em torno do café. Eu já sabia desse costume e semana passada reservei 1h30 para tomar um café com uma amiga croata ao lado da minha casa (no Brasil eu faria isso em menos de 30 minutos). Sentamos, pedimos um café cada e começamos a conversar. Após três horas precisei sair correndo porque estava atrasada pra minha aula…
Mais uma observação: eles não usam adoçante, gente! Só açúcar! Em uns poucos lugares consegui encontrar um tal de “natren” que é utilizado por diabéticos, mas que não é nada popular. Alô Zerocal, vem pra Croácia!
Bom… E a guerra? O que ouço, em especial dos mais jovens, é que ela é antiga, mas ao mesmo tempo muito presente. Muitos tiveram familiares diretamente envolvidos, pais que serviram durante a guerra, alguns perderam parentes nas batalhas. Tudo isso faz cerca de 20 anos e eles eram jovens na época, mas se recordam das invasões, dos pais fora por muito tempo. Aqui em Zagreb quase não houve conflito (na verdade houve “apenas” dois ataques), mas há cidades próximas que foram destruídas. Ainda há um rancor com relação à Sérvia, mas isso é muito pontual. Aliás, esse é um assunto muito delicado aqui, então tome cuidado a quem você pergunta, principalmente se estiver conversando com pessoas mais velhas. Você pode acabar tendo um grande desentendimento.
E… se não é possível falar abertamente sobre essa relação com a Sérvia, tente perguntar o que eles acham da Eslovênia. Ou o que os eslovenos acham dos croatas. Existe alguma rixa entre os dois países, mas ainda vou me aprofundar mais no assunto com amigos – e quem sabe isso vira assunto pra um post Croácia: segundo mês, segundas impressões 😛
Uma grande curiosidade é que, antes de eu me mudar pra cá, os brasileiros perguntavam o tempo toooodo: ué, mas por que um intercâmbio na Croácia? (isso rendeu até post, clica aqui pra ler). Agora que estou aqui, são os croatas que perguntam: nossa, você é do Brasil!!! E por que a Croácia? Para eles, o Brasil já é suficientemente tão lindo, que ninguém precisaria sair daí (concordo com a parte do lindo, mas discordo absolutamente que alguém deva viver pra sempre em um lugar só). Acho engraçado ambos os países, Brasil e Croácia, se acharem tão distantes assim. Brasileiro viaja com tanta facilidade pra Paris. Croácia também é Europa, minha gente, hellooooo! Só que uma Europa muito mais barata (por enquanto) e prontinha pra ser explorada fugindo de passeios clichês (tenho taaaanto pra mostrar aqui no blog ainda!). Longe é Papua-Nova Guiné. A Europa é logo aqui 😀
Pra não dizerem que só estou contando o lado bom, lá vai: a saúde pública aqui é péééssima – há um mês esperei três horas por um atendimento e, no total, fiquei cinco horas e meia no hospital sozinha e sentindo dor (contei aqui no blog que quebrei meu braço numa ilha croata saltando de bungee jumping, né?). Tudo isso pra depois eu conseguir me consultar com um médico particular e ele descobrir que, além da fratura no húmero que o médico anterior havia constatado, havia mais duas no meu ombro que não haviam sido descobertas! Pois é, não é só o Brasil que está na pindaíba não. Por aqui a coisa também está engatinhando (não viajem nunca sem seguro saúde, esse virou meu mantra).
E mesmo com crise e esses problemas, os croatas têm um orgulho do próprio país! Talvez um efeito da conquista da sua independência, tão sofrida. Mas eles fazem questão de lembrar que a gravata surgiu aqui, que Nikola Tesla nasceu aqui, falam de suas comidas e bebidas típicas (provem o burek, provem a rakija, provem o sorvete, provem jaffa, provem cevapi), amam os cantores croatas, vibram com os times croatas (futebol em primeiro lugar, basquete talvez em segundo). Eu mesma já estou amando ouvir música croata e reconheço várias na rádio.
Mas se você resolver se aventurar de verdade nos costumes croatas, aí vão algumas coisas que eles fazem: colocam coca-cola no vinho tinto, água com gás no vinho branco, comem salada no café da manhã (alface e tomate mesmo), colocam cebola crua em tudo, colocam maionese em tudo (maionese mesmo, pegam um tubo de maionese e espremem no prato e mergulham a carne ali) – e mesmo assim são magros!!! Ó raiva…
Pra terminar, aqui é barato! #VemPraCroáciaGentem Claro que no verão algumas cidades ficam mais caras, e Dubrovnik é eternamente mais cara que o normal, mas ainda assim é mais barato que muito país europeu. Você aluga um apartamento de um quarto muito legal no Centro de Zagreb, bem localizadíssimo, por uns 300 euros por mês (até menos). Você encontra cerveja (de meio litro!) em bares por 10 a 12 kunas, ou uns 5 a 6 reais – mesmo nessa cotação louca do euro a R$4.50. O famoso e interminável café, num lugar bem legal, custa umas 8 kunas, ou cerca de 4 reais – é o encontro entre amigos mais barato da vida! Um sanduíche sai por umas 20 kunas, ou 10 reais (mas pode custar até a metade do preço numa lanchonete mais simples). Minha passagem de ônibus para Graz, na Áustria, custou 8 euros – atravessando dois países pra chegar lá. O táxi percorre uma distância de uns 6 km, de madrugada, e custa apenas 30 kunas, ou uns 15 reais. Eu disse de madrugada. É barato. E é lindo. E é seguro. E as pessoas são puro amor <3
Ps.: Entendam que essas são as minhas impressões, com base no que estou vivendo aqui. Não tenho a intenção de escrever verdades absolutas sobre lugar nenhum, apenas compartilhar com vocês a visão de uma jornalista e estudante brasileira vivendo aqui sozinha e fazendo muitos amigos croatas. Espero em um mês trazer novas impressões da minha experiência nesse país incrível. Pra receber posts novos no seu e-mail, é só se cadastrar aqui na lateral ->
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